Frankfurt 2013, ou Como o Mercado Editorial Irá Evoluir ou Morrer

2013.

Bem, o mundo não acabou e esse ano o Brasil é o país homenageado na Feira de Frankfurt, a mais importante do setor de literatura.

Para representar o país na feira, recentemente a Biblioteca Nacional divulgou uma lista com os nomes de 70 autores brasileiros escolhidos para representar o país, através de uma participação que no total contará com um investimento aproximado de R$ 20 milhões.

Você pode ver a lista dos 70 selecionados clicando aqui.

Se por um lado a lista incluiu alguns nomes que nos orgulham ver ali como Pedro Bandeira, Fernando Morais, Patrícia Melo, Lourenço Mutarelli, Paulo Lins, Maurício de Sousa e Ziraldo, por exemplo, por outro, obviamente, as escolhas causaram polêmica, assim como qualquer outra seleção o teria feito igualmente.

Alguns autores se pronunciaram de maneira a criticar suas próprias ausências dentre os selecionados e suas opiniões merecem ser ouvidas. Da minha parte, contudo, gostaria de hoje remar para uma outra margem e aproveitar a seleção divulgada para analisar algo mais a fundo.

Analisar o futuro do mercado editorial brasileiro e o que essa seleção demonstra o que podemos esperar dele.

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Diplomacia x Revolução

Há duas formas de se encarar a Feira de Frankfurt: como um evento diplomático, como se faz atualmente, ou como um exemplo de uma possível revolução editorial brasileira. A escolha pela diplomacia, todavia, é justificável porque toda ação segue um pensamento, e o pensamento do setor brasileiro ainda engatinha perto do potencial da literatura já produzida hoje por aqui.

Esse pensamento conservador é construído sobre alguns pilares que precisamos desmembrar para compreender o que nos faz engatinhar nesse setor, no lugar de um voo livre.

Vemos reportagens comemorando a quantidade de autores mineiros na lista, bem como criticando a falta de mais autores índios, mulatos ou de determinada região. É o tipo de pensamento que parece de progressão, mas no mundo de hoje se aplica como regressão.

Porque no mundo de hoje os valores mudaram e ninguém mais se surpreende se um índio dentro de uma oca criar uma rede social para tribos indígenas reconhecerem seus ancestrais, por exemplo, e de repente ficar famoso e milionário por isso. O mundo conectado simplesmente globalizou o regional e uma ideia ou uma obra brilhante é mais importante do que a região ou de que tipo de pessoa a produziu.

Você vai evoluir ou morrer, xará!

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A frase acima foi atribuída uma vez ao popular mutante Wolverine, do grupo X-Men. Independente do fator X que exista em cada um de nós, a frase poderia ser encaixada perfeitamente nos mercados que lidam com qualquer conteúdo artístico.

A questão é: o mundo mudou, a nova geração é diferente de qualquer outra e qualquer tipo de mercado precisa acompanhar suas mudanças.

O mp3 surgiu e as gravadoras que não evoluíram com ele quebraram. O torrent surgiu e as locadoras que não evoluíram com ele quebraram. O mercado editorial passa hoje por uma etapa parecida, e aqueles que não se adaptarem – e aqui falamos de autores, editoras, agentes e livrarias – irão quebrar igualmente.

Vamos trabalhar por outro raciocínio: quantas pessoas você conhece que sabem da divulgação da lista de autores citada? Independente do interesse delas por literatura, isso deveria ser de seus conhecimentos, afinal, são elas quem estão pagando a conta.

Entretanto, se estivéssemos falando de uma lista de 70 cantores para representar o Brasil, ou de 70 atores, ou de 70 atletas, a maioria saberia. As redes sociais estariam comentando, os telejornais estariam noticiando e as pessoas estariam debatendo.

Só que a lista de 70 autores para o grande público e a grande imprensa não gera o mesmo interesse. Em relação ao Brasil, existe o raciocínio de que a literatura é algo segregado, é algo para poucos, é um país de poucos leitores. E que ser escritor de livros é um hobby, não a primeira profissão de alguém para sobreviver.

Por aqui, a literatura teoricamente não é pop.

3 mil leitores


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(Registro do 1º Encontro de todos os leitores do Brasil)

É um consenso comum entre autores da dita “alta literatura” que esse é o número de leitores em média possível de ser atingido pelos romancistas brasileiros: três mil leitores.

De novo: três mil leitores.

Esse números e baseia na média de tiragem das editores em relação a tais autores. Raciocínios como esse, estereotipando o fracasso comercial literário como desculpa para bases mal construídas na formação e sedução de leitores frente a best sellers estrangeiros, são uma espécie de câncer que corrói e faz um mercado já restrito em seu pensamento consumir a si próprio, feito ratos se alimentando dos próprios filhotes.

Congressos são feitos para debater sobre o livro eletrônico, vendo-o mais como um problema, um inimigo a ser combatido, do que um aliado em potencial para uma revolução editorial, da qual as editoras não sabem lidar ou mesmo fazer parte.

Esse raciocínio é associado a outro muito comum, utilizado em parceira com o anterior.

“O jovem no Brasil não lê” / “O brasileiro não lê”

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Uma das revoluções do mercado editorial envolveu os blogs literários.

Cansados de ver a literatura que acham relevante para si sendo considerada irrelevante pela critica, os leitores passaram a considerar a critica irrelevante e criaram seus próprios meios de divulgação, resenhas e debates literários.

A maioria esmagadora desses blogs é comandada por jovens leitores ávidos, que se tornaram parceiros das editoras no desbravamento de um mercado que não conseguiu mais ignorá-los.

Há pouco tempo, esses blogs colocaram em 5º lugar no Twitter a hastag #euleiobrasil a favor da leitura de autores brasileiros. Esse feito não foi divulgado por nenhum grande veículo de comunicação.

Além disso, é possível afirmar que os mesmos retrógrados que acreditam não haver um grande público na literatura desse país mesmo compreendam o funcionamento do alcance digital de uma geração de leitores da qual eles jamais irão atingir.

É a mesma analogia do avô que se recusa a compreender a explicação do neto sobre o funcionamento de um mouse de PC, por considerá-la complicada ou diferente demais da maneira como as coisas eram no seu tempo. Nesse caso, é mais fácil acreditar que o jovem de hoje lê menos do que aprender como atrai-lo.

Para autores com mentalidade mais aberta, todavia, a compreensão de que nunca se leu tanto nesse país é algo fácil de ser percebido.

“Eles têm a força”

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(Estande interrompido da Leya BR durante autógrafos de Dragões de Éter na Bienal de SP 2012)

A frase acima foi a chamada de capa da Ilustrada na Folha de São Paulo, durante a Bienal de 2012, comigo e Carolina Munhóz. A capa de um primeiro sábado de Bienal dada a um casal de escritores jovens, representantes do segmento de literatura fantástica – hoje o mais popular do mundo – causou extrema surpresa no meio editorial.

Na matéria, o jornalista Márcio Aquiles desmembra o sucesso pouco comentado em mídias mais tradicionais de escritores da nova geração que vivem uma realidade tão distante do pensamento arcaico envolvendo a realidade dos escritores brasileiros, que ignorar suas influências parece ser a única maneira de ainda se agarrar a formações já destruídas.

A excelente coluna de Raquel Cozer no dia 14 de fevereiro comentou sobre o espanto recente causado por alguns autores no mercado literário. Na matéria publicada é levantado sobre como disputas por editoras, cheques de seis dígitos ou mais de uma dezena de exemplares vendidos são tratados como uma exceção a ser glorificada.

Esse destaque é compreensível, novamente retomando ao argumento da precariedade com que nosso mercado nacional se sustenta.

No entanto, fora do contexto existe uma lista de autores dos quais essas exceções já se tornaram elementos básicos de qualquer tipo de negociação contratual.

Thalita Rebouças, Paula Pimenta, André Vianco, Eduardo Spohr, Laurentino Gomes, Maurício de Sousa, Ziraldo, Augusto Cury, Jô Soares, Ana Beatriz Barbosa, Zibia Gasparetto, Nélson Motta, Leandro Narloch, Roberto Shinyashiki, Gustavo Cerbasi

Esses são só alguns exemplos de escritores cuja realidade descrita como “exceção” é uma via de regra. Editoras concorrentes fazendo propostas, filas de horas de autógrafos em feiras literárias, e-mails lotados com relatos de leitores. Mesmo um adiantamentos de seis dígitos não se torna a tal grupo algo tão surpreendente. Bem-vindo, com certeza, mas não surpreendente.

No próprio grupo Leya Brasil, hoje coordeno meu selo editorial Fantasy de literatura fantástica pela Casa da Palavra e já vimos Carolina Munhóz se sagrar a autora mais vendida do grupo em toda Bienal de SP 2012, atrás apenas do quinto livro de Crônicas de Gelo &  Fogo, de George R.R. Martin, assim como vimos mesmo a Random House Mondadori descobrir a série “Dragões de Éter” no Brasil por ela própria e adquirir seus direitos.

Sério, a impressão é que parecemos Fernão Capelo Gaivota gritando: “ei, olhem para cá, podemos voar” e, do outro lado, vendo gaivotas se recusando a olhar para cima e preferindo dizer: “não, não, uma gaivota de verdade deve manter os pés no chão”.

Por isso, a ausência de nomes como esses, ao lado de outros como Ariano Suassuna, Mário Prata, Chico Buarque, Luís Fernando Veríssimo, Rubem Fonseca, Dráuzio Varella, Ferreira Gullar, Arnaldo Jabor, Edney Silvestre e tantos outros que vêm à mente do leitor brasileiro porque fazem parte de um grupo que não vive do consumo de si próprio nem da dependência de vendas institucionais, mas realmente forma novos leitores diariamente, passa uma mensagem da maneira como o governo brasileiro ainda pretende que sua própria literatura deva ser vista pelo resto do mundo.

De novo: é compreensível a opção de diplomacia no lugar da opção revolucionária, em meio ao pensamento adotado. Apenas é válido dialogarmos sobre como a literatura brasileira poderia invadir o mundo de uma maneira igualmente incontestável, uma situação muito mais intensa e marcante do que iremos ver.

Uma maneira que já foi feita antes, através de um exemplo único, que, curiosamente, hoje não pôde mais ser ignorado.

Sociedade Alternativa

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Seguindo o raciocínio apresentado ao longo do texto, o nome de Paulo Coelho destoa na seleção de autores.

O que irei defender aqui deveria se tratar de algo óbvio, mas se precisamos retomar esse tema, provavelmente talvez não seja tão óbvio assim. A situação é: como leitor, você tem direito a amar, ignorar ou não apreciar qualquer livro do mago da nossa literatura, da mesma maneira como pode fazer isso com a minha obra, do poeta que vende o livro dele no sinal, ou com Machado de Assis.

É seu esse direito.

Conheço diversas pessoas, contudo, que já o criticaram sem nunca ter lido nada dele. O raciocínio nesse caso funciona da mesma maneira como o dos trolls de internet: se posicionar contra algo costuma agregar rapidamente mais aliados do que o oposto. É mais fácil na roda de bar criticar o vestido que a atriz estava usando na última cena de um grande filme, do que ressaltar os detalhes da atuação expressados na mesma cena em que ela se utilizou do tal vestido.

O curioso, entretanto, é que se a atriz de repente entrar naquele bar, o grupo irá acionar celulares para pedir uma foto e postar em redes sociais com legendas de orgulho.

A analogia funciona em nosso caso. Se você nunca visitou as livrarias europeias, você não faz ideia do que representa o nome Paulo Coelho ao redor do mundo. Enquanto os escritores brasileiros lutam para chegar nas mesas das livrarias do Brasil, ele está nas mesas de livrarias do mundo todo.

Diante do pensamento que ronda nosso mercado editorial, ele está em uma situação tão aparentemente inatingível, que mais uma vez é mais fácil tratá-lo como uma mutação bizarra editorial, o escritor mais sortudo do mundo, uma alma vendida ao diabo, ou qualquer explicação sobrenatural que se aproxime das mesmas tramas que os críticos se recusam a aceitar, do que vê-lo como um exemplo do que um autor brasileiro é capaz de conseguir.

De fato, ainda impressiona como o mercado editorial brasileiro a princípio irá tentar convencer a todo escritor iniciante de que Paulo Coelho é um exemplo a não ser seguido, como se fosse um caso que jamais será repetido ou se tratou de um transgressor de um setor que deveria se manter elitizado, jamais popular.

Um argumento que mais uma vez apenas canibaliza o potencial de seus próprios talentos.

De novo: Paulo Coelho destrancou uma porta de ferro da qual nenhum outro brasileiro teve coragem de tentar ultrapassar igualmente. Todo argumento contrário em relação a isso costuma unir em uma mesma sentença tópicos que não se opõem, como gosto literário pessoal e merecimento de feito profissional.

Porque você não precisa nem mesmo ser fã dos livros dele para compreender e respeitar o que esse autor já fez pelo Brasil ao redor do mundo. Ignorar isso seria transmutar “ignorar” em “ignorância”.

Na Feira de Frankfurt no ano passado o rosto de Coelho estava em tantos estandes de tantos idiomas diferentes, que é impossível não parar por um momento e pensar no tamanho do voo que ele alcançou.

Principalmente para um país que possui três mil leitores.

Concluindo

Não estou aqui afirmando que a ausência de todos os nomes citados ao longo do texto sejam um indício do pensamento arcaico que ainda ronda nossa literatura. Mas afirmo que  a falta de ao menos alguns deles, sim.

Nomes que continuarão lotando Bienais e festivais, formando leitores, depositando adiantamentos de vários dígitos, batendo dezenas de casas decimais de exemplares vendidos.  Uma parte da crítica continuará a considerar esse feito irrelevante ou ignorável, assim como a grande parte dos leitores continuará a utilizar seus próprios canais para se importar com o que consideram relevantes.

A revolução que tomou o mercado da música e do audiovisual se volta agora ao mercado de livros e, mais importante do que ver determinados setores se darem conta dela, é ver autores que possam liderá-la se preparando há tempos para isso, feito a formiga que trabalha, enquanto a cigarra canta.

Editoras grandes continuarão lançando um livro por dia e não há como todos estarem nas mesas e vitrines das livrarias. O livro físico jamais irá morrer, mas sua tiragem irá diminuir e ele irá dividir cada vez mais espaço com o livro eletrônico. O autor recluso, que não sabe lidar com entrevistas, apresentações em eventos e contato direto com leitores estará cada vez mais fadado ao esquecimento prematuro. A busca pelo próximo best seller continuará enlouquecendo editores em leilões cada vez mais acirrados e tomando boa parte dos recursos de suas editoras. E a proximidade entre autor e leitor jamais será a mesma depois da proximidade do mundo virtual.

O pensamento tradicional sobre o mercado brasileiro de livros antes era algo que apenas o impedia de crescer. Só que com a concorrência extrema, a fusão das grandes redes de livrarias, a velocidade e a mudança da relação da nova geração com a leitura, tal inflexibilidade, infelizmente, estará destinada a ver seu teto ruir sobre a cabeça de um mercado editorial já escasso.

A questão é: o mundo – e o mercado editorial desse mundo – não irá parar de mudar.

E quanto a isso, nós já aprendemos que só restam duas opções.

Evoluir ou morrer, xará.

Caderno 3 – Diário do Nordeste

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Matéria de capa escrita por Mayara de Araújo para o Caderno 3, do Diário do Nordeste, no domingo de ontem, 17/02/13, sobre a atual geração de autores de fantasia BR de grande mercado.

Para acessá-las individualmente, só utilizar os links abaixo.

Enjoy!

http://virtual.diariodonordeste.com.br/eds/2013/02/17/D/paginas/pdf/D1.pdf

http://virtual.diariodonordeste.com.br/eds/2013/02/17/D/paginas/pdf/D4.pdf

http://virtual.diariodonordeste.com.br/eds/2013/02/17/D/paginas/pdf/D5.pdf

Dragões de Éter – Capas Marc Simonetti

Em outro post havia comentado sobre a venda dos direitos em língua espanhola da série Dragões de Éter para a Random House.

Dessa vez, estamos apresentando as ilustrações das capas estrangeiras, como noticiado em primeira mão pelo Omelete  nesse link.

Recentemente, o artista francês Marc Simonetti, responsável pelas capas de “Guerra dos Tronos”, “O Nome do Vento” e de outras lendas como Terry Pratchett, me enviou as ilustrações que fez para as capas mexicanas da série.

E, como sempre, o trabalho dele é espetacular.

A capa de “Caçadores de Bruxas” com os irmãos João & Maria, o navio de Gancho e Ariane Narin com seu chapéu vermelho ao fundo mais parece um pôster de filme. E a capa de “Círculos de Chuva” com Jack do Pé-de-Feijão e os dragões de éter acima dispensam comentários.

Enjoy.

DRAGÕES DE ÉTER – CAÇADORES DE BRUXAS

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DRAGÕES DE ÉTER – CORAÇÕES DE NEVE

Marc Simonetti - Dragoes de Eter 2

DRAGÕES DE ÉTER – CÍRCULOS DE CHUVA

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Random House

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A jornalista Raquel Cozer em sua coluna na Folha de São Paulo anunciou em primeira mão mais uma das novas casas editoriais da série “Dragões de Éter”.

Depois da GaiLivros e da Dom Quixote, de Portugal, agora faço parte oficialmente do hall de escritores da gigante editorial Random House.

Os direitos da série foram vendidos em língua espanhola para a Random House Mondadori, responsável pela publicação de autores como Lauren Kate, Rick Riordan e mesmo a hoje amiga querida Alyson Nöel.

Em passagem pela Feira de Frankfurt 2012, conheci o diretor editoral Cristóbal Pera, que me explicou do início do trabalho pelo braço da Random House no México.

Particularmente, a notícia me deixou muito feliz e me remeteu a uma experiência em fevereiro do ano passado. Conhecendo Nova Iorque pela primeira vez, lembro de me deparar com um painel imenso do livro Eragon, de Christopher Paolini, em um prédio envidraçado da Times Square.

Guiado apenas pelo instinto nerd de curiosidade, fui até o prédio ver do que se tratava e então descobri que estava no quartel-general da Random House americana.

A sensação de magnitude e empolgação daquele lugar para um escritor profissional provavelmente é semelhante a que um historiador sente ao adentrar pela primeira vez o Museu do Louvre.

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Por isso me foi tão surpreendente e marcante receber o contato da divisão editorial do grupo alguns meses após e, um ano depois, poder contribuir oficialmente com o trabalho de uma empresa que tanto admiro.

A Random House Mondadori hoje é um grupo editorial de língua espanhola formado em 2001 através de uma fusão da Random House com a editora italiana Mondadori.

Para ler a nota exclusiva de Raquel Cozer na coluna, só clicar aqui.

Por último, mais uma vez como sempre preciso agradecer o apoio e o carinho de tantas pessoas no trabalho realizado até aqui.

Obrigado por nunca; por nunca acordarem. Vocês são os donos dos meus sonhos.

Seja em que língua for.

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Revista Isto É: Na Trilha da Fantasia

Matéria da Revista Isto É, da semana passada.

Link original aqui.

Enjoy.

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Na trilha da fantasia

Escritores brasileiros seguem os passos de autores internacionais do gênero e emplacam os seus livros entre os mais vendidos no País

Marcos Diego Nogueira

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Raphael Draccon
Obra mais recente ”Dragões de Éter” 5 títulos lançados Gênero Medieval

Não existe nada em comum entre vampiros, anjos, dragões e fadas. Esses personagens e seres imaginários, no entanto, são agrupados pelo mercado editorial no filão mais rentável dos dias de hoje: o da literatura fantástica, ou simplesmente “fantasy”, que reúne autores como J.R.R. Tolkien, de “O Senhor dos Anéis”, George R.R. Martin, de “As Crônicas de Gelo e Fogo”, e J.K. Rowling, de “Harry Potter”. No Brasil, o gênero já tem seus seguidores, com três autores na lista dos dez livros nacionais mais vendidos: os cariocas Raphael Draccon, autor de “Dragões de Éter”, e Eduardo Spohr, de “Filhos do Éden” (na segunda e quarta posições, respectivamente), e o paulista André Vianco, com “O Caminho do Poço das Lágrimas” (o sétimo do ranking). Novata na turma, a paulista Carolina Munhóz vendeu em menos de um mês sete mil exemplares de seu romance “O Inverno das Fadas”. “Demorou um pouco para que essa produção literária se desenvolvesse aqui, mas agora deslanchou de vez”, diz Pascoal Soto, diretor da Editora Leya, que lança os livros de Draccon.

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“Essa nova geração tem um desejo forte de contar histórias significativas e não simplesmente exercitar um estilo consagrado.”
O sucesso das histórias fantásticas é favorecido por um hábito dos fãs: eles gostam de se encontrar e discutir os autores favoritos. Draccon, por exemplo, acredita que seu sucesso se deu pelas redes sociais: “O boca a boca começou nas comunidades do Orkut. Sem ter dado uma entrevista sequer eu já estava entre os três autores mais vendidos da minha editora.” No mês que vem, pelo menos cinco novos au­tores do gênero chegarão às livrarias.

O mercado internacional, claro, está de olho neles. Draccon já saiu em Portugal e “Filhos do Éden”, de Spohr, foi traduzido para o holandês e os outros títulos estão na mira dos selos de fora. É a fantasia tipo exportação.

Revista Época – 07/12


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Matéria da Revista Época dessa semana.

Para visualizar melhor, só clicar na imagem abaixo.

Enjoy.

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Fantasy no PublishNews

Nota oficial do PublishNews sobre o selo Fantasy.

Link original aqui.

Enjoy.

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Leya cria selo específico de literatura de fantasia

PublishNews – 16/03/2012 – Flávia Leal

Fantasy – Casa da Palavra vai explorar segmento de sucesso entre jovens


A Leya/Casa da Palavra lançou um novo selo editorial para a publicação de literatura fantástica batizado de Fantasy – Casa da Palavra. O carro-chefe da editora nesse segmento é a série best-seller Crônicas de gelo e fogo, de George R.R. Martin, que atualmente tem todos os seus volumes na lista de mais vendidos do PublishNews. O sucesso da saga é tão grande que motivou o investimento num selo específico.
O coordenador do Fantasy é Raphael Draccon, autor nacional da série fantástica Dragões de Éter e quem sugeriu à Leya, em 2009, a publicação do primeiro volume das crônicas de R.R. Martin, Guerra dos tronos. Segundo Draccon, a criação de um selo voltado exclusivamente para literatura de fantasia tem o objetivo de explorar mais esse segmento, que é “o mais popular do mundo”.
Draccon conta que a compra da Casa da Palavra pela Leya, em junho do ano passado, mudou o mote da empresa, inaugurando uma fase “pop” da editora por meio da publicação de livros de amplo apelo comercial. O marco dessa mudança foi o lançamento de O livro do Boni, que rapidamente entrou para as listas brasileiras de mais vendidos.
O primeiro livro lançado pela Fantasy Casa da Palavra é o romance John Carter- Entre dois mundos, inspirado no filme homônimo de sucesso da Disney/Pixar. Depois de maio, a expectativa da editora é lançar um ou dois novos títulos por mês.
Confira os próximos lançamentos confirmados:
Ruas Estranhas, coletânea organizada por George R.R. Martin com autores como Diana Gabaldon, Conn Iggulden, Charlaine Harris e Glen Cook.
O Rebelde – Crônicas de Coração Valente, de Jack White. Trata-se do primeiro livro de uma trilogia que fala sobre a vida do heroi escocês Willian Wallace, consagrado por Mel Gibson no cinema.
Wild Cards, co-escrito e co-editado por George R.R. Martin. Trata-se de uma série de 20 livros ambientados após a II Guerra Mundial, quando pessoas comuns ganharam poderes especiais depois de serem submetidas a um vírus alienígena.

Sejam bem-vindos à Fantasy

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Iniciei minha história junto à da editora Leya Brasil já desde a sua entrada no país em 2009, sob o comando do editor-chefe Pascoal Soto.

Nesses poucos anos de existência, estive em sua primeira leva de autores e acompanhei a implantação do trabalho que se iniciou em uma pequena sala da Av. Paulista até o casarão hoje localizado no bairro do Pacaembu.

Minha relação com a Leya sempre envolveu muito mais do que apenas entregar originais. Escrevi uma sugestão de plano de marketing para a entrada do grupo, demonstrando sobre como seria o mercado editorial do futuro em relação à atual geração de leitores, ajudei a avaliar determinados títulos como consultor, defendi algumas obras que fariam a editora crescer em curto prazo, contribui para a popularidade do grupo editorial em eventos e feiras literárias, como as Bienais.

Dessa forma, acabei por me tornar uma espécie de “autor embaixador” do grupo, palestrando para livreiros em dezenas de eventos fechados, e para leitores em dezenas de eventos abertos.

De todas as minhas indicações, a mais importante até aqui sem dúvida envolveu o nome de George R.R. Martin e minha batalha desde 2009 para sua publicação no país, prevendo a popularidade que hoje acompanhamos.

Por essa relação e envolvimento com a história dessa editora, e também pelo trabalho realizado com a série Dragões de Éter, Pascoal Soto optou por um caminho natural e resolveu seguir em frente com uma proposta que eu sabia que iria me fazer trabalhar ainda mais do que já trabalho, mas não poderia recusar de maneira alguma.

E foi assim que eu ganhei meu próprio selo editorial. E me tornei o novo editor de literatura fantástica vinculado ao grupo Leya Brasil.

O Selo

O selo Fantasy será um trabalho desenvolvido dentro da editora Casa da Palavra, hoje o braço da Leya no Rio de Janeiro, e irá publicar títulos de apelo ao grande público nas vertentes do gênero fantástico.

A Casa da Palavra hoje possui dois curadores: eu e o empresário Ricardo Amaral. Meu trabalho com o gênero fantástico envolve a coordenação do novo selo dirigido em parceria com Martha Ribas, a editora-chefe.

Inicialmente a proposta será a de publicar poucos títulos por ano, para dar tempo à casa de acontecer seu crescimento natural. A grade de publicação desse ano já foi montada, assim como boa parte do próximo ano.

Os detalhes sobre avaliação de originais podem ser encontrados no link aqui.

Os detalhes sobre parcerias com blogs podem ser encontrados no link aqui.

A estreia oficialmente se daria na virada do segundo semestre desse ano, entretanto precisou ser antecipada devido ao título de abertura: John Carter – Entre Dois Mundos.

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O romance é a adaptação oficial do filme homônimo, cuja estreia acontece nessa sexta-feira, 09/03, em uma parceria da editora com os estúdios Disney. Abaixo, segue o texto de apresentação oficial do selo no mercado editorial.

Maiores informações serão anunciadas através do página no Facebook e a conta do selo no Twitter.

Por último, mais uma vez preciso agradecer a todos os leitores que sempre apoiaram e apoiam todo o nosso trabalho realizado até aqui.

A grande magia como sempre, nunca esteve em nossas mãos. Está na verdade em tudo aquilo que vocês nos permitem alcançar com essa confiança e troca até aqui inacreditáveis.

Obrigado, sonhadores, por nunca; nunca acordarem.

Raphael Draccon

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Seja bem-vindo à fantasia…

Quando o primeiro homem teve o primeiro sonho, havia nascido o primeiro candidato a escritor. Quando esse sonho necessitou ser dividido, surgia o primeiro candidato a leitor. Ao contar a outros sobre sua experiência e a narrativa necessitar ser distribuída, em algum lugar nascia o primeiro candidato a editor.

Ao completar 15 anos de existência, a editora Casa da Palavra se associou com a holding Leya a partir de junho de 2011. A nova Casa da Palavra hoje em dia une a qualidade de conteúdo que lhe rendeu tantos prêmios a uma estrutura de sucesso comercial, sempre em busca dos melhores títulos. O Livro do Boni, com a biografia de uma das figuras mais importantes da história da televisão brasileira, marcou a estreia dessa nova fase, atingindo todas as listas de best-sellers após seu lançamento no hotel Copacabana Palace.

Reforçando o novo caráter comercial editorial, a Casa da Palavra em parceria com a Leya Brasil convidou o autor best-seller Raphael Draccon, também responsável em 2009 pela indicação da obra de George R.R. Martin, “As Crônicas de Gelo & Fogo”, para coordenar um novo selo editorial totalmente voltado à literatura fantástica.

E assim nasceu a Fantasy – Casa da Palavra.

A estreia do novo selo editorial ocorreu em grande estilo em março de 2012, através da obra John Carter – Entre Dois Mundos, inspirada no primeiro filme em live action dos estúdios Pixar, em uma parceria da editora com as empresas Disney . Seu catálogo contempla livros nas diversas vertentes do gênero fantástico, da alta fantasia ao terror sobrenatural, sempre voltados ao grande público.

Através de eras a literatura fantástica serviu como metáfora para os sentimentos mais profundos do espírito humano. Suas melhores histórias são capazes de gerar fascínio ou reflexão, através do despertar de forças que seus personagens descobrem dentro de si. Acompanhamos camponeses se tornando cavaleiros, seres humanos recusando-se a desistir em apocalipses urbanos, revolucionários enfrentando megacorporações cibernéticas. E vivenciamos tudo o que corre ao redor de tais jornadas.

Por detrás de um guerreiro disposto a enfrentar um dragão existem elementos muito mais cativantes do que apenas o combate em si. Existem a jornada e a transformação heroica, a confiança e a preocupação dos familiares, a saudade do amor deixado para trás, a fé em deuses duvidosos, o sacrifício por um ideal maior do que a própria vida.

O selo Fantasy nasceu para reforçar o valor de sonhos desse tipo no coração de um leitor disposto a alcança-los. Nossa ideia não é de proporcionar apenas uma leitura, mas uma experiência. Mais do que apenas ajudar na formação de novos leitores, nosso objetivo é formar sonhadores tocando nos melhores campos do gênero de literatura mais popular do mundo. Um gênero capaz de fazê-lo viajar com os olhos abertos. E querer continuar a viagem ao fecha-los.

Da nossa parte, você terá o melhor meio de transporte.  Apenas apanhe seu ticket. Sente-se em sua poltrona. Relaxe seu corpo. Abra a sua mente.

E, mais uma vez, seja bem-vindo à fantasia.

Matéria – Correio Braziliense

Matéria dessa semana sobre literatura fantástica no Correio Braziliense.

Link original aqui.

Enjoy.

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Mundo povoado por seres fantásticos dão fôlego a jovens escritores


Publicação: 09/01/2012

A popularização da literatura de fantasia levou alguns escritores brasileiros a trilharem os caminhos desse gênero. O mundo habitado por guerreiros, vampiros, lobisomens, demônios e anjos está ganhando cada vez mais espaço entre as publicações nacionais e diminuindo a dependência da criatividade estrangeira para satisfazer leitores adeptos ao estilo.

A fantasia nacional soma algumas dezenas de títulos, como as séries vampirescas de André Vianco; A batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr; e a trilogia Dragões de éter, de Raphael Draccon. O fenômeno editorial ocorreu no momento em que o mundo vislumbrava a magia de Harry Potter e o cinema resgatava a saga de O senhor dos anéis. Mas as inspirações dos escritores daqui foram várias, passando por J. R. R. Tolkien, J. K. Rowling, C. S. Lewis e chegando a nomes do passado, como o criador do Conde Drácula, Bram Stoker.

O paulistano André Vianco publicou 14 obras, com 700 mil cópias vendidas e faz projeto piloto para série de tevê (Arquivo Pessoal)
O paulistano André Vianco publicou 14 obras, com 700 mil cópias vendidas e faz projeto piloto para série de tevê

Um dos precursores e disseminadores dessa tendência no país foi o paulistano André Vianco, 35 anos. Em 2000, ele lançou Os sete, livro que conta a história de sete vampiros que desembarcam no litoral brasileiro, e ainda hoje figura entre os mais vendidos. “A internet inverteu o fluxo de como as editoras decidiam o que publicar. A indústria do entretenimento passou a ver que os leitores liam também na internet. Então, começaram a entrar os autores nacionais de fantasia e terror. Perceberam que havia bons escritores aqui e começaram a ver que os leitores queriam ler esses autores, sim. Porque, mesmo sem existir na loja, o escritor tem o seu blog, o seu público, as editoras vão atrás deles também. Hoje, com as redes sociais, existe uma fidelização do público leitor, o que está fortalecendo esse nicho que até então era ignorado”, analisa.

Dono de um recorde de 700 mil cópias vendidas, com 14 livros publicados e um em produção, André Vianco ensaia os primeiros passos como diretor de uma série de tevê baseada na trilogia O turno da noite. A produção é independente, e conta apenas com o episódio piloto até o momento. “São passos tímidos ainda, mas os leitores adoram. É aquela coisa bem brasileira, bem autoral. Eu escrevi o roteiro, dirigi e abri minha produtora”, acentua.

Receita para o sucesso não existe, mas Vianco sempre dá dicas nas palestras que faz pelo Brasil a jovens que pretendem tornar-se escritores: “É gostar de escrever e sobretudo gostar de ler. Ser perseverante, porque o mercado não é fácil”.

Medieval e tecnológico
O estilo do carioca Raphael Draccon, 30 anos, é diferente, sem seres sanguinários. Autor da saga Dragões de éter, com mais de 50 mil exemplares vendidos, Draccon lançou-se no projeto de escrever um livro para ser como Bruce Lee. De tanto assistir a Operação Dragão na infância, ele prometeu para si que também seria escritor e faixa-preta, e trabalharia com cinema. “Precisei de 20 anos para cumprir toda a promessa”, brinca.

A trilogia Dragões de éter é uma releitura de vários contos de fada compartilhando a mesma trama, com uma linguagem para adolescentes, e não para crianças. Contém ação e magia na mesma medida, em um cenário medieval e tecnológico. Ninguém escapa. Chapeuzinho Vermelho, João e Maria, a Branca de Neve e os sete anões, estão todos lá, com uma dose farta de cultura pop, vinda principalmente do rock.

A trilogia ganhou forma em meio a uma rotina agitada. Raphael estudava cinema de manhã, dormia à tarde, dava aulas à noite e escrevia de madrugada. O esforço rendeu, à época, um original de 400 páginas, entregues nas mãos do editor. A edição publicada tem cerca de 1.400. “Eu havia produzido uma capa simbólica, os personagens impressos em papel especial. A ideia era resgatar o que a minha geração sentia ao assistir a A caverna do dragão. Uma obra envolvendo um cenário sombrio, suavizado por uma visão juvenil”, explica Draccon.

Quando publicou os livros pela primeira vez, cinco anos atrás, a realidade era outra. “Hoje, o mercado é um pouco mais aberto a novos autores. Há alguns anos, aí podemos utilizar autores como Vianco e Spohr como exemplo, escritores nacionais de fantasia não eram best-sellers ,e nem editoras nem leitores confiavam tanto neles como atualmente”, resume.

Fada Mel
Mesmo dentro do gênero fantasia, o público é bastante diversificado. Distante das batalhas épicas e confrontos violentos, o livro A fada, de Carolina Munhoz, paulista de 22 anos, vencedora na categoria literatura do Prêmio Jovem Brasileiro 2011, é uma história de esperança diante de dificuldades.

A inspiração que Harry Potter deu a Carolina foi tanta que até a cidade onde a trama se desenrola é a mesma onde o bruxo morava: Londres. “Eu sempre fui apaixonada pelo local, pela história do Rei Arthur. Harry Potter intensificou e resolvi usar Londres como cenário. Antes de relançar o livro por uma outra editora, passei um mês lá e usei essa experiência para colocar mais detalhes na obra”, comenta Carolina.

As aventuras da personagem principal, a fada Mel, surgiram na imaginação dela aos 16 anos. Quatro anos depois, a história foi publicada e reeditada. “Eu nunca tive uma conexão muito grande com fadas, mas esse livro veio para mim em um sonho e no outro dia eu comecei a escrever.” 

Já Bruna Torres não é escritora, mas é fã da obra de André Vianco. Aos 6 anos, leu Chapeuzinho Vermelho e, alguns anos depois, As aventuras de Robson Crusoé. Conheceu a obra de Vianco por meio de um parente. “Meu primo tinha uns 12 anos e lia a série que começou com Os sete. Ele me falava tanto dela que me interessei e acabei até presenteando amigos com livros do André. Até o meu namorado, que não lia nada, tomou gosto pela leitura. Hoje, conheço o André Vianco pessoalmente e sempre o encontro quando ele vem a Brasília”, completa.

Leitora dedicada, a brasiliense de 25 anos põe Vianco no patamar dos melhores escritores brasileiros. “São livros de excelente qualidade, que merecem leitura. Indico para todas as idades. São cheios de detalhes, personagens e histórias fascinantes”, descreve.

Espíritos de Gelo no Sem Tédio

Resenha de Carla Gomes para o Sem Tédio.

Link original aqui.

Para aqueles que se interessarem, o livro por enquanto é um produto exclusivo do Submarino, e pode ser encontrado ao valor de R$19, 90 no link aqui. Ou então em um pacote com o box de Dragões de Éter pelo valor de R$69,90 no link aqui.

Enjoy.

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Espíritos de Gelo, de Raphael Draccon

Espiritos Gelo Espíritos de Gelo, de Raphael Draccon

Se você não lembrar do que aconteceu nas últimas horas, nós faremos com que sofra ainda mais, como se estivesse nos Nove Círculos do Inferno…

Sabe aquele amigo meio sem noção que encaminha emails falando sobre o perigo de aceitar um drink de estranhos, com o risco de ir parar numa banheira sem um rim, no dia seguinte? Então, pode continuar ignorando-o, no entanto, talvez seja divertido comprar Espíritos de Gelo, de Raphael Draccon, como presente de Natal. Pelo menos ele vai ter um motivo plausível para ser essa pessoa paranóica.

Lançado há pouco tempo no Brasil, o livro foi escrito para uma coletânea portuguesa, parte de uma coleção intitulada “Mitos Urbanos”, e não poderia ser uma obra mais instigante. Do início ao fim, chega a ser surpreendente o quanto sua leitura é rápida e tão agradável quanto uma história desse gênero pode ser. Talvez seja um exagero chamá-la de uma trama de terror, já que não é necessariamente aterrorizante, contudo, todo seu detalhismo perturbador não permite que seja classificado de outra maneira.

A narrativa de Draccon, assim como na coleção Dragões de Éter, é rica em descrições minuciosas e muitas, muitas referências da cultura pop. Mas mais do que isso, o que se destaca é sempre sua capacidade em explorar uma lenda já conhecida e se arriscar por um universo completamente novo e próprio.  Nesse caso, explorando um caminho que mistura sexo, magia, violência e limites psicológicos.

Contando com um protagonista desmemoriado, ao longo de suas páginas a história revela aos poucos a jornada que levou esse homem desconhecido até uma sessão de tortura. Partindo de uma rotina simples, como a de qualquer indivíduo comum, acompanhamos a escalada (e queda?) do personagem, por caminhos que geram tensão, apesar da forte presença de uma adorável ironia. Por sinal, pode ser que esteja aí uma das razões pela qual o enredo por vezes parece tão real, já que a situação absurda, seja no presente ou em seus flashbacks, acaba virando uma sarcástica piada até mesmo para ele em alguns momentos.

Ainda assim, o desespero do aprisionado se torna palpável à medida em que nem sempre sabe como agir para conseguir fugir da violência, comandada por um algoz vestido com uma improvável camiseta do Black Sabbath. A presença desses detalhes inesperados exemplifica perfeitamente o cuidado com que o autor parece construir a história, seja usando o bordão de Jennifer Love Hewitt em Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado (What are you waiting for, huh?), ou citando uma jogada de Street Fighter.

Mas além de usar essas figuras conhecidas, toda uma dinâmica nova também é criada, como a namorada Mariana, que o faz ir parar na Vaga – Marga, conhecendo os segredos do sexo tântrico. E, consequentemente, desencadeando tudo que aconteceria em seu futuro, até chegar ao cativeiro onde conhece de perto o que pode ser considerado um dos “Nove Círculos do Inferno”.

À primeira vista, toda essa mistura de vertentes pode parecer até um pouco confusa, e é por saber lidar com isso de uma maneira coerente e ágil, que o livro se torna tão interessante. Na verdade, quanto mais o enredo avança, maior é a sensação de estar dentro da trama, fazendo com que ao final seja impossível não desejar uma continuidade, ou pelo menos um filme, já que o roteiro fica perfeitamente desenhado na cabeça do leitor.

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