Dragões de Éter – #Na Minha Estante

Resenha de Amanda Steilein para a seção “Na Minha Estante”.

Link original aqui.

Enjoy.

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Na minha estante #1

Eu odeio não ter tempo suficiente para ler. Mesmo com o dia-a-dia corrido, entre responsabilidades e deveres, consigo dar uma driblada e ler um bom livro. Mas é claro, pra quem acompanha o blog desde a época em que eu lia uns três livros por semana, deve estar estranhando esse súbito stop nas resenhas. Não é porque eu parei de ler – continuo lendo, acredite! -, mas é porque a velocidade da leitura diminuiu, assim como o tempo para a mesma. Para o blog não perder o propósito principal que seria a literatura e para eu não ficar postando textos ou depressivos ou de incentivo do tipo “acredite nos seus sonhos”, vamos conver, isso não está mais enrolando os seguidores, resolvi criar essa coluna, Na minha estante. É basicamente falar sobre minhas metas de leitura, um livro que estou lendo o que comprei e está apenas aguardando a sua vez. Alguma coisa assim. E para estrear essa nova coluna que pretendo ter com a mesma frequência que os Devaneios e as Músicas (olha só onde fomos parar, tsk tsk), nada melhor que um autor brasileiro.

E não, dessa vez não vou declarar amor eterno a escrita do Eduardo Spohr.

Alguns dias atrás, após outros dias de espera ansiosa, finalmente chegou o box da trilogia Dragões de Éter que eu havia comprado no Submarino numa promoção relâmpago super interessante. Já fazia um bom tempo que eu queria ler esses livros, primeiro pela temática me agradar e segundo pelas resenhas que eu li terem dado ótimas críticas quanto ao autor e ao modo dele escrever. Constatei que tudo isso não era mentira já nas primeiras páginas de Caçadores de Bruxas.

O modo que Raphael Draccon descreve os cenários, as situações e os próprios personagens dá a entender que ele realmente sabe do que está falando. É claro, você irá dizer. Ele é o escritor. Sim, eu sei disso. Mas tem vezes que quando a narração é em terceira pessoa, o autor não consegue passar aquela intimidade com os personagens, entendem? Não que seja algo frio, dificilmente, mas algumas vezes fica vago, isento de muitos detalhes. Com Raphael Draccon a coisa é bem diferente.

A narrativa é feita em primeira pessoa, porém a história não é narrada pelo protagonista. Em nenhum momento o narrador se defronta com os outros personagens e isso é peculiar, porque dá a impressão que o narrador é alguém de fora, que pode observar tudo e todos eu suspeito do que o narrador seja, mas ei, não me deem spoiler, estou na metade do livro, muito obrigado sem se preocupar em ser visto. Outro ponto são os personagens. A história não é narrada apenas pela Ariane Narin ou João e Maria Hanson ou pelo príncipe Axel Terra Branford ou Primo ou alguém em particular, mas sim por todos eles. Sim, é claro que alguns personagens como Maria e Axel, Ariane e João, possuem um destaque maior, pelo menos na primeira metade de Caçadores de Bruxas. Não importa realmente a quantidade de personagens que narram se o autor sabe levar o leitor a todos os lugares que ele deseja, de um porto velho de Andreanne ao Palácio do Rei Primo. E tenho de confessar que Raphael Draccon faz isso com maestria.

Reunir vários contos de fadas num lugar só e construir uma sociedade com eles não é uma tarefa fácil. Primeiro porque Caçadores de Bruxas é uma situação pós-lobo mau, pós-bruxa má, pós-felizes para sempre. Depois, são contos que todas as pessoas conhecem e se é perigoso para um escritor lidar com algo desconhecido do público, é ainda mais árduo agradar com algo que eles já conhecem. Mas, por incrível que pareça, essa “salada de personagens” teve um ótimo resultado. Não sei como explicar, mas é divertido ler um livro que retrata toda uma suposta continuidade dos contos que você ouvia desde criança. Mas mais interessante ainda é a base, a autenticidade que Raphael Draccon trouxe para Nova Ether, criando assim, seu próprio universo, com seus próprios personagens, com suas próprias histórias e personalidades, com uma trama de acontecimentos que intrinca cada uma delas, fazendo de qualquer marujo um personagem importante para o desenrolar da história.

A minha pergunta e acho que a de muitas pessoas também era, sempre foi: “O que aconteceu com eles depois do felizes para sempre?” Ninguém nunca tinha uma resposta. Eles não envelheciam, não morriam, não tinham filhos ou cresciam e tinham suas namoradas ou namorados? Parece até que, de um modo único e encantador, Raphael Draccon está respondendo essas perguntas, não só minhas, mas de muita gente por aí.
Já até sei a história qe vou contar para meus filhos. Não um feliz para sempre, mas, depois de muitas anos, em um Reino de Nova Ether, aos arredores de Andreanne um príncipe conheceu uma plebéia e o irmão dela conheceu uma menina cujo chapeu já fora vermelho, onde, numa taberna, um caçador reencontrou a protegida, onde um plebeu virou Rei, assim mesmo, com letra maiúscula.

PS: Minha reação quando descobri que a imagem do site oficial de Dragões de Éter se mexe, muda de clima etc, foi muito histérica. Gostei disso, hein *-*

Revista Fantástica – Tributo Dragões de Éter

A Revista Fantástica prestou uma homenagem à série Dragões de Éter em forma de edição de video, ao som da música Dream About Me, de Moby.

O link original pode ser encontrado aqui.

Ficam aqui também os agradecimentos aos integrantes pelo eterno esforço em prol da literatura fantástica, e em especial ao Luiz Ehlers pela trabalhosa edição.

Enjoy.

O Voo do Dragão

Ontem visitei os estúdios Warner e tive de me conter. Mostraram-me uma carta escrita por Bruce Lee em 1973 para o então presidente da Warner Bros, Ted Ashley, dizendo a ele que se houvesse uma relação de respeito e confiança entre ambos, eles iriam produzir o melhor filme de artes marciais da história.
O filme era “Enter The Dragon”, no Brasil conhecido como ‘Operação: Dragão”.
Eu vi esse filme aos 06 anos e ele se tornou o filme mais importante da minha vida.    foi o que me fez prometer que seria tudo o que Bruce Lee era: um escritor, um artista marcial e um cineasta. Eu assisti a essa obra mais de mil vezes ao longa de toda a minha vida, até hoje carrego cenas do filme em meu iPod.
Existem pessoas que passam por esse planeta de uma maneira meteórica, e que, mesmo depois que partem, deixam um rastro de luz tão forte, que pode iluminar o caminha de vidas de muitas eras depois.
De fato, ele fez o maior filme de artes marciais já feito.

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Ontem visitei os estúdios Warner Bros. e tive de me conter. Mostraram-me a carta original escrita por Bruce Lee em 1973 para o então presidente da Warner Bros, Ted Ashley, dizendo a ele que se houvesse uma relação de respeito e confiança entre ambos, eles iriam produzir o melhor filme de artes marciais da história (ou em suas palavras: “the fuckiest martial arts movie ever made”).

O filme era “Enter The Dragon”, no Brasil conhecido como “Operação: Dragão”.

Eu vi esse filme aos seis anos de idade e ele se tornou o filme mais importante da minha vida. Foi o que me fez prometer que seria tudo o que Bruce Lee era: um escritor, um artista marcial e um cineasta. Assisti a essa obra mais de mil vezes ao longo de toda a minha vida; possuí o poster acima emoldurado em um quadro; até hoje carrego cenas do filme em meu iPod.

De fato, ele fez o maior filme de artes marciais já feito. Mas ele fez muito mais do que isso.

Existem pessoas que passam por esse planeta de uma maneira meteórica, e que, mesmo depois que partem, deixam um rastro de luz tão forte, que pode iluminar o caminho de vidas humanas muitas eras depois.

Para mim, é disso que são feito as estrelas.

Dragões nunca param de voar.

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Dragões de Éter no “A Irmandade”

Resenha de Gutemberg Fernandes para o A Irmandade.

Link original aqui.

Enjoy.

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Dragões de Éter : Caçadores de Bruxas

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Dragões de Éter: Caçadores de Bruxas

Nova Ether é uma terra feita de magia e encantos, criada pela inspiração de deuses e alimentada pelos sonhos e desejos de um sem-número de semideuses. E para manter a ordem, a paz e promover o bem que estes semideuses tanto prezam existem seres especiais, avatares na forma de poderosas fadas-amazonas cujos objetivos eram testar os mortais e presenteá-los caso se mostrassem valorosos. Mas diante de várias falhas dos humanos com que uma fada se deparou um sentimento sombrio se apoderou de seu coração e ela perdeu seus dons puros, tornando-se a primeira fada caída e a precursora de uma das mais cruéis eras que aquele mundo já havia visto. Nos anos seguintes a queda da primeira fada, outras seguiram seu ruidoso caminho, levando junto de si humanas que uma vez tocadas pelas trevas passaram a ser conhecidas como bruxas.

O enredo de Caçadores de Bruxas tem início alguns anos após a grande caça as bruxas realizadas pelo, até então camponês, Rei Primo Branford que com o seu suor, sangue, aço e esforço somado ao de outros tantos, conseguiu destruir a maior parte daquelas encarnações do mal e de suas seguidoras humanas corrompidas. Logo nas primeiras páginas somos apresentados aos personagens que nos acompanharão durante todo o desenvolvimento da narrativa e as suas tragédias particulares assim como a um panorama geral sobre o povo e alguns costumes de Arzallum e Nova Ether.

Os irmãos João e Maria Hanson assim como a pequena Ariane Narin eram crianças que tinham tudo para terem uma vida feliz e tranqüila caminhando e brincando pelas ruas de Adreanne, a capital da grande nação de Arzallum. Porém os três tiveram em suas breves vidas traumas que os marcaram para sempre; cada um deles fora vítima de bruxas malignas ou passaram por acontecimentos terríveis. E como fora com essas crianças havia sido antes com dezenas, centenas e talvez milhares de outras pessoas antes do levante do Rei Primo.

Além destes completam o núcleo de personagens importantes de maneira direta para a trama: o segundo príncipe de Arzallum, Axel Terra Branford; sua mãe, a rainha fada Terra Branford; o exótico professor Sabino Von Fígaro e a misteriosa Madame Viotti além dos antagonistas, mas prefiro deixar estes para a curiosidade e descoberta durante a leitura.  Sendo narrado em capítulos que se revezam entre as visões dos protagonistas e cujos tamanhos variam o livro é de leitura fácil e viciante, em alguns pontos, cômico, em outros, profundo e romântico.

E um detalhe interessante quanto à narrativa é a presença de um narrador peculiar que temos ao longo das páginas. Quase como um personagem a parte, este ser que nos conta a história de forma onisciente possui uma personalidade que ajuda a casar os momentos tensos e dramáticos com os mais amenos de maneira magistral, um dos grandes pontos fortes da escrita do carioca Raphael Draccon.

Durante todo o transcorrer do livro as cenas, diálogos e descrições mantém o mesmo ritmo de desenvolvimento, e desde a primeira página este é rápido e envolvente. O enredo fluí com naturalidade, os diferentes pontos de vista se intercalando de maneira homogênea, permitindo ao leitor ter o vislumbre de vários acontecimentos, mas sem se perder entre os mesmos. Outro ponto de destaque é a construção da personalidade dos personagens. Cada um possui seus defeitos e medos assim como virtudes e motivações o que os torna tão apaixonantes em vários os sentidos.

O universo criado ou, parafraseando o autor, redescoberto por Raphael Draccon é ricamente singular, mesmo sendo formado por vários elementos clássicos da fantasia e dos contos de fadas. Valendo-se tanto da temática sombria originalmente moldada pelos Irmãos Grimm assim como dos contos populares com seus finais felizes e príncipes galantes, Draccon deu forma a uma nova visão ao que já existia e o trouxe para mais próximo ainda do leitor, sendo cada página lida muitas vezes uma experiência que envolve diversos sentimentos diferentes. Temos lá desde o lobo mau, que realmente é um lobo, até os três porquinhos, modificados para serem orcos, criaturas semelhantes a orcs mas com aparências de porcos.

E além da influência da fantasia também temos vários ícones pops aparecendo volta e meia tanto de maneira velada, como nos trejeitos das crianças e adolescentes com suas gírias, quanto em homenagens como as estrelas Cobain, Blake e Prince. E este é um fator que torna Caçadores de Bruxas, e todos os livros da série, mais próximos dos leitores, pois não há aquele distanciamento muitas vezes provocado pelo vocabulário usado pelos autores em seus livros medievais. Nova Ether pode ser definida como um mundo épico trazido as luzes de nossa era contemporânea, mas sem perder a elegância e magia do fantástico.

Não posso esquecer-me de dizer que o desenvolvimento da história assim como  maneira que esta se encaminha para o desfecho é fenomenal. Mesmo este sendo um volume inicial de uma trilogia há um encerramento que uni muitas pontas soltas que haviam surgido no transcorrer da leitura, mas também deixa outras tantas perguntas para o próximo volume e o seguinte. Curiosidades e questionamentos que fazem com que você não veja a hora de por as mãos em Corações de Neve e devorar também cada página.

E devo salientar que a parte de revisão, diagramação e estética  desta série é um primoroso trabalho da Editora LeYa. As capas são mais firmes do que a maioria dos livros, assim como orelhas e contracapa além de terem ilustrações belíssimas. A fonte usada nos livros é de um tamanho excelente para a leitura, o que deu um pouco de volume ao livro, porém nada que atrapalhe, pois um dos únicos pontos negativos que tenho que frisar é que acabou muito depressa a história (rs).

Enfim, Caçadores de Bruxas é o primeiro volume de Dragões de Éter, uma série épica que resgata a pureza dos contos de fadas e os transforma. Que encanta, emociona e fascina a cada palavra, a cada linha… e ao final você também será mais um dos semi-deuses que com seus sonhos irá manter Nova Ether viva e pulsante.

“Se os sonhos são forjados no éter hoje… nós iremos tocar na quinta-essência”