Entrevista – Jornal do Comércio

Entrevista para o Jornal do Comércio, realizada durante a Feira do Livro de Porto Alegre.

Link original aqui.

Enjoy.

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Autor fala sobre o mergulho na literatura fantástica

Bruno Felin

MARCOS NAGELSTEIN/ JC

Draccon recebeu menção honrosa da American Screenwriter Association
Draccon recebeu menção honrosa da American Screenwriter Association

Raphael Draccon é autor da trilogia fantástica Dragões de Éter, sucesso que já vendeu mais de 50 mil cópias. Com formação em cinema, recebeu menção honrosa da American Screenwriter Association (ASA) por seu primeiro roteiro de longa-metragem, o drama sobrenatural In Your Hands. Draccon fala das transformações na literatura, cinema e mercado editorial com foco em histórias fantásticas.

JC – Feira do Livro – Como você vê os seus livros e outros de literatura fantástica como forma de inserir os jovens na leitura?

Raphael Draccon – É fantástico. Recebo mensagens de leitores dizendo que o meu livro foi o primeiro lido na vida, ou o primeiro sem a professora mandar. O fato de serem obrigados a ler uma literatura densa faz com que eles se afastem do que deveriam atrair. A gente faz a proposta contrária, uma literatura que fala sobre os dramas deles. O grande diferencial por trás da fantasia é a metáfora dos sentimentos humanos. Dragões de Éter conta a história de sete jovens em sua passagem da adolescência para a vida adulta, envolvidos em uma guerra de caça às bruxas, magia. Não é por que o cara  vai enfrentar um dragão que é fantástico, mas sim a coragem que ele tem de enfrentar um dragão ou o medo, a saudade da pessoa amada, a esperança do povo. Esses sentimentos fazem a magia das obras.

Feira do Livro – Para quem está pensando em começar a escrever, o que você diria?

Draccon – O número de originais que chega numa editora pode chegar a 200 por semana. Ao mesmo tempo, o mercado nunca esteve tão aberto a novos escritores, principalmente em literatura fantástica. Mas também nunca houve tanta concorrência. Alguns têm o talento, mas não têm a vocação. É a coisa de ser forjado na dor. Como diz o Eduardo Spohr, tem que sangrar para merecer. Seguir o coração e ler bastante. É ruim dizer isso, afinal se é preciso dizer que se tem de ler muito a alguém, a pessoa não nasceu pra ser escritora.

Feira do Livro – E a possibilidade de o cinema nacional fazer adaptações da literatura fantástica?

Draccon – Hoje em dia os efeitos especiais são feitos lá fora, como em Besouro, por exemplo, em que a equipe vem aqui e faz os efeitos lá, isso não é mais problema. O obstáculo são os investidores. Vamos ter que fazer coisas independentes para provar que podemos. Existem temáticas nascendo. O Cláudio Torres, por exemplo, um diretor que é fã do Frank Miller, fez filmes como Homem do Futuro e Mulher Invisível. Mas nada é impossível, meu primeiro roteiro na faculdade de cinema, In your hands, um drama sobrenatural, recebeu menção honrosa da American Screenwriter Association (ASA) e cinco anos depois parou na mão do Will Smith. Então, nada é impossível.

Feira do Livro – E quais seriam os rumos da literatura fantástica?

Draccon – É e sempre foi a mais popular do mundo. Era uma coisa que o público sabia, mas a crítica não. Hoje ninguém pode dizer que Senhor dos Anéis é uma literatura sem poder. Há uma geração inteira que aprendeu a ler por causa de Harry Potter. Atualmente a literatura não é mais uma experiência isolada, é uma experiência a ser compartilhada. Antes a pessoa dependia de outra ter lido para comentar. Agora basta entrar na internet, onde há milhares de pessoas querendo debater. Fora que o livro para essa geração é uma plataforma. Ver um filme, jogar um game, tudo é uma coisa só. O escritor que não entender isso não está preparado pra escrever pra essa geração.

Resumo da Feira do Livro de Porto Alegre

O melhor resumo do que rolou na Feira do Livro de PoA pode ser encontrado no post de Douglas Eralldo para o excelente Listas Literárias, que resumiu de maneira muito coesa e precisa o encontro.

Segue o texto abaixo. Link original aqui.

Enjoy.

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10 Coisas que rolam num bate-papo entre leitores e escritores de literatura fantástica

Nesta segunda-feira estive na Feira do Livro de Porto Alegre para acompanhar os encontro com os escritores Eduardo Spohr, Raphael Draccon, Carolina Munhoz, e Leonel Caldela. Nesta lista sintetizo alguns pontos bem legais deste bate-papo que não foi mais longe por que os autores tinham as sessões de autógrafos na programação.
1 – Filas: E não, eu não estou criticando ao falar isso. Tô muito feliz, pois não há nada melhor que uma boa fila de leitores aguardando seus autores para jogar um balde de água fria naqueles que dizem que os brasileiros e os jovens não leem. Este blogueiro se achando muito esperto, chegou 10 minutos mais cedo para escapara da fila, mas que nada, tive de quebrar alguns corredores do Memorial RS.
2 – Jovens, nerds, e não tão nerds assim: Sim na ampla maioria do público estava explícito o elevado grau de nerdisse, no entanto o que mais me chamou a atenção era a juventude, os jovens sim tem feito uma revolução ao realizarem suas próprias escolhas, e definirem tendências ao que o mercado editorial se obriga a seguir, ou seja, mais compradores, mais publicações;
3 – Descontração: Esta foi a tonalidade da conversa, e por isso jamais me atreveria chamá-la de palestra, pois o encontro foi descontraído, informal, e com isso aproximando de tal forma autores e leitores, que me permite dizer que estivemos numa grande roda de conversa.
4 – Risadas: Este item deve-se muito ao pândego, e hilário Raphael Draccon, que não raro levava a platéia que lotava a Sala dos Jacarandás aos risos com suas tiradas dignas dos melhores stand-ups;
5 – Seriedade: Mas também há espaço para assuntos sérios, como a pirataria [pergunta feita por este blogueiro] onde a opinião sincera dos autores jogou luzes sobre o assunto, como Leonel Caldela que afirmou que a ele esta não prejudicou, e ainda colaborou na divulgação. Eduardo Spohr por exemplo não criticou o ato de A batalha do apocalipse ter sido pirateada, mas sim do monstrengo que fizeram, mesclando edições da Nerdbooks e Verus e a inclusão de capítulos inexistentes. Para Spohr, o leitor que baixar um livro não deve julgar o autor e o livro por esta versão, que de longe terá a qualidade da versão final;
6 – Dicas: Rolaram muitas dicas para as perguntas da platéia. Os 4 autores falaram sobre a vida de autor, e a realidade da Litfan no cenário atual, que ajudou bastante aos presentes conhecer um pouco mais sobre esta realidade;
7 – Relação com blogs: Outro debate puxado em minha tripla pergunta, trouxe a tona a relação de autores e blogs. Raphael Draccon abordou muito claramente o papel dos blogs, tanto os bons quantos os ruins, pois como ele disse “hoje alguns estão seguindo para o lado negro da força” e com o crescimento da blogosfera literária, já tem muito blog nascendo só para aporrinhar editoras atrás de livros cujas resenhas não passam da sinopse disfarçada, mas segundo ele os blogs que trabalham com seriedade são aliados importantes de autores e editoras. Carolina Munhoz também aprofundou no tema e sua relação com os blogs, e para minha alegria revelou que um link em um post que ela aparecia no Listas Literárias acompanhou o material enviado por ela para o editor da Novo Século, sua nova editora.
8 – Interação: Esta é outra palavra chave do encontro, pois houve muita interação entre autores e leitores, que trocaram dicas, e principalmente conversas sobre os livros de cada um deles;
9 – Tempo curto: Sinceramente, uma hora e meia correm rápido demais quando o assunto é bom, interessante, e os painelistas cativam a platéia, pois vi que ainda ficaram muitos com o dedo em riste para fazer sua pergunta, mas cujo tempo foi curto;
10 – Satisfação: Esta é a ultima coisa que tenho para falar de um encontro como o ocorrido. Saí de lá completamente satisfeito com o que ouvi, e vi, e a certeza de que a literatura fantástica tem muito a crescer.

Jornal do Commercio

Ontem fui ao jornaleiro, estava vendo as manchetes do dia e levei um susto: vi minha foto na capa de jornal.

Ao menos era por algo bom. Melhor do que um “Wanted”, não? =)

Enjoy.

Draccon Commercio

Espíritos de Gelo na Márcia Peltier

Nota da coluna da jornalista e apresentadora Márcia Peltier, no Jornal do Commercio, sobre o futuro lançamento no Brasil do romance Espíritos de Gelo.

Para visualizar, só clicar na imagem abaixo.

Enjoy.

Marcia Peltier coluna

Dragões de Éter – Gigantes

Animação “Gigantes”, exibida durante a Bienal do RJ, produzida pela Duque de Cartoon.

Enjoy.

Dragões de éter em Portugal

Dragoes em Portugal

Foto de uma livraria de Portugal, enviada por uma amiga do leitor e também escritor Marcos Monjardim, com a versão portuguesa de Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas.

Agradeço a ambos pela imagem e também é claro aos milhares de leitores que fizeram o éter se expandir até mesmo além do Atlântico. Como sempre, vocês são e sempre serão não apenas incríveis, como a peça mais fantástica de toda magia por detrás dessa obra.

Com toda humildade, este escritor espera mantê-los ainda hoje e sempre sonhando conosco.

Mapa de autores BR na Bienal RJ

Mapa divertido e personalizado pelo quadrinista Estevão Ribeiro sobre a participação dos autores de literatura fantástica BR na Bienal do RJ.

No mapa inclusive está minha versão da tira cartunesca de Estevão: Os Passarinhos, o lagarto voador Raphael Dragon!

Para visualizar o mapa em tamanho maior, só clicar aqui.

Enjoy.

Resenha * sem spoilers * de “Filhos do Éden”, de Eduardo Spohr

Filhos_Eden

FILHOS DO ÉDEN

Acredito que muitos leitores saibam do apreço que tenho por Spohr. Nos conhecemos através da gravação de um podcast que curiosamente nunca foi ao ar. Naquela época, Spohr já havia demonstrado que muito de seu sucesso se apoiava em duas vertentes: talento e carisma.

A primeira vinha do nerd contador de histórias, amantes de filmes oitentistas e RPGs importados. Normalmente, ele seria o tipo de geek prestes a sofrer bullying na escola ao mencionar suas coleções de action figures, mas como se tornou um grandalhão tatuado, eu duvido que tenham mexido tanto assim com ele por aí.

Seu carisma também se pauta em dois pontos: caráter e educação. Spohr se trata de um ser humano de princípios inabaláveis; aquele tipo de sujeito que você não conseguiria subornar na alfândega, aquele motorista de táxi que mesmo transportando um gringo que mal sabe português faria o caminho correto e mais rápido até o hotel solicitado.

Além disso, ele tem a cara do Jacob do Lost. Como poderia um nerd legítimo não ter carisma assim?

Já seu talento de contador de histórias se desenvolveu através de uma coragem de correr riscos, de tentar e errar e errar até o acerto, em uma humildade de ouvir os mais próximos e em uma disciplina inabalável, aliada a uma organização peculiar.

Essas características aliadas ao fenômeno Jovem Nerd produziram uma bomba atômica na cultura pop brasileira e o arrebatador “A Batalha do Apocalipse” saiu de um nicho onde já era um sucesso para se consagrar de vez por todo o país. Ainda assim, por mais espetacular que tenha se dado essa repercussão, o que se viu foi um Spohr ainda humilde, atencioso e simpático com os fãs, e dotado de uma consciência que autores três vezes mais velhos nunca adquiriram.

Foi assim que o país ganhou uma nova estrela em sua literatura contemporânea.

spohr draccon

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Hoje Spohr vive um cenário bem diferente. As pessoas agora o conhecem, seu próximo livro não será um azarão do mercado editorial, será uma grande aposta. Haverá a comparação com o sucesso anterior e a cobrança por um padrão de qualidade agora já estabelecido. Acreditem, isso tudo mexe com a cabeça de um autor. E seguir em frente ainda assim, e fazer bem o seu trabalho ainda assim, é o que separa os homens das crianças no mercado editorial profissional.

Recebi o original do próprio Eduardo como presente de aniversário no dia 15 de junho de 2011 e desde então o tenho levado para ler principalmente durante viagens em eventos. Em algumas delas, ao comentar que carregava tal documento durante a viagem, escutei mais de uma vez ameaças de… ãhn… extravio de minha bagagem por parte de alguns leitores mais afoitos, que dividem o gosto por nossas literaturas.

Recentemente sei que Eduardo também postou um guia de leitura, que no momento em que escrevo esse post ainda não li, até para não influenciar minhas impressões. Talvez você encontre coisas aqui que se repitam por lá, e, se assim o for, provavelmente será um indicativo de que eu e Eduardo estamos provavelmente certos ou inteiramente equivocados.

Não importa, em pouco tempo cada um de vocês poderá tirar suas próprias impressões.

SINOPSE

Há uma guerra no céu. O confronto civil entre o arcanjo Miguel e as tropas revolucionárias de seu irmão, Gabriel, devasta as sete camadas do paraíso. Com as legiões divididas, as fortalezas sitiadas, os generais estabeleceram um armistício na terra, uma trégua frágil e delicada, que pode desmoronar a qualquer instante.

Enquanto os querubins se enfrentam num embate de sangue e espadas, dois anjos são enviados ao mundo físico com a tarefa de resgatar Kaira, uma capitã dos exércitos rebeldes, desaparecida enquanto investigava uma suposta violação do tratado. A missão revelará as tramas de uma conspiração milenar, um plano que, se concluído, reverterá o equilíbrio de forças no céu e ameaçará toda vida humana na terra.

Ao lado de Denyel, um ex-espião em busca de anistia, os celestiais partirão em uma jornada através de cidades, selvas e mares, enfrentarão demônios e deuses, numa trilha que os levará às ruínas da maior nação terrena anterior ao dilúvio – o reino perdido de Atlântida.

É, MAS NÃO É A BATALHA DO APOCALIPSE…

Filhos de Éden se passa no mesmo cenário de ABdA, mas não possui a mesma pretensão. Essas diferenças não se baseiam apenas em grandeza de ações e consequências, mas também em seus personagens.

Kaira e Denyel não são Ablon e Shamira. Em ABdA, Spohr nos apresentou o casal que aprendemos como leitores a torcer ao longo de séculos.  E também que estabeleceu um padrão de comparação inevitável, mas compreensível.

Batalhas de anjos e cenas de ação cinematográficas estão lá, mas em uma amplitude menor. Não muito menor, apenas o suficiente para a nova proposta.

Em ABdA tudo é gigantesco. Toda ação afeta milhões de espíritos no plano físico e espiritual. E mesmo a trama se passa de maneira planetária.

Em Filhos do Éden, a ação é muito mais restrita e regional, aproximando-se mais da literatura de André Vianco, por exemplo, no sentido de pegar figuras mitológicas universais (no caso, anjos) e aproximá-los da nossa realidade brasileira, em interações com realidades nacionais.

UMA QUESTÃO DE ESTILO

Spohr costuma bater em uma tecla de que alguns autores como eu e Caldela seríamos escritores por essência, enquanto ele seria um contador de história que teve de aprender como colocar no papel ideias que povoavam sua cabeça. É curioso pensar em sua escrita dessa forma.

De fato, Spohr não tem frases ou características de construções dessas frases que lhe caracterizem unicamente. Mas seu talento como contador de histórias fez com que padronizasse em sua escrita determinados elementos que passam a ser esperados em seus romances, caracterizando de uma forma ou outra um estilo.

Uma dessas características geradas nesses anos de tentativa e lapidação foi o descritivo. Seus cenários são bem detalhados e os ambientes bem explicados. O detalhamento dos conceitos espirituais em seus livros passa a mesma impressão de se assistir a um episódio de CSI: mesmo que você não se lembre de nada após fechar a página, você terá uma boa sensação de quem se sentiu aprendendo alguma coisa. E, logo, não perdeu seu tempo.

Muito do que é descrito em Filhos do Éden, inclusive, já o foi em ABdA, mas, por não se tratar diretamente de uma continuação, essa repetição é justificável já que um leitor pode acabar sendo introduzido no universo por esse livro inicialmente.

Outra característica dos personagens do autor é algo que poderíamos chamar de “Michael Bay às avessas”. Nos filmes de Bay, os personagens vivem momentos de ações e tensão estilo montanha-russa, impedindo que os personagens tenham paradas para envolvimentos românticos tradicionais. As interações de casais nos filmes do diretor se passam à distância, principalmente por telefones celulares ou rádios de pilotos prestes ao sacrifício.

Anjo dourado

No estilo desenvolvido por Spohr isso também acontece, mas com os personagens próximos. Ablon e Shamira permanecem unidos ao longo do Tempo, mas, ao mesmo tempo, afetivamente como homem e mulher são distantes. Kaira e Denyel possuem relação parecida.

No caso de Bay, é uma mera opção de gosto duvidoso. No caso de Spohr, faz parte da relação tênue e espiritual entre as raças humana e angélica, que precisam equilibrar conceitos como transcendência e desejo carnal.

UM LIVRO SOBRE… COMIDA

Outra característica de Spohr é mexer com os sentidos.

Aqui em especial ele descreve melhor uma característica dos anjos mais próximos da orbe terrestre: o da necessidade de comida mundana para ajudar a manutenção do corpo físico.

A princípio você pode achar que isso se trata de um mero detalhe inserido na trama, mas se resolver ler o romance irá descobrir que na verdade o efeito final vai um pouco além.

A questão é que ler Filhos do Éden dá fome!

hamburguer

Você pode não levar isso a sério agora, mas quando acompanhar personagens comendo salgadinhos, batata frita, doces e até McDonald’s o tempo inteiro, eu quero ver o que irá dizer depois.

Mas lembre-se: anjos não engordam.

Você sim.

AND… ACTION!

E claro, há outra e talvez mais singular característica do estilo desenvolvido pelo autor: as batalhas influenciadas por animes e filmes de ação. E elas estão lá, às vezes parecendo um filme de John Woo, outras um filme dos Wachowski, outras, um anime de Kuromada.

Resumindo: Filhos do Éden é tudo o que se espera de Eduardo Spohr, apenas em uma escala menor. Abrir o livro tendo consciência disso pode ser a diferença entre um leitor de ABdA ter uma total ou parcial diversão.

De qualquer maneira, a melhor constatação é a de que o autor ainda possui uma propriedade sobre anjos que nenhum outro, em nenhum lugar do mundo, possui igual.

Alguns leitores diriam que isso se trata de uma grande sorte nossa.

Eu sou de uma opinião mais próxima a de conceitos angelicais: acredito em merecimento.

Que bom que nós brasileiros fizemos por merecer um autor como Eduardo Spohr.

abda

E se Game of Thrones fosse um RPG de Snes?

O College Humor fez uma paródia de Game of Thrones, simulando como seria a trama caso fosse adaptada para um RPG eletrônico nos moldes dos antigos jogos 16-bits de Super Nintendo.

O resultado é genial. Sério: se você já leu o livro ou assistiu ao seriado, assista a isso. =)

Enjoy.

Matéria sobre Stephen King para o Saraiva Conteúdo

Matéria de André Bernardo sobre o mestre do horror Stephen King para o Saraiva Conteúdo, com participação minha, de André Vianco e Eduardo Spohr.

Link original aqui.

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Mestre moderno do terror, Stephen King influencia nova geração de escritores brasileiros

Por André Bernardo

Stephen King já estava desistindo da ideia de ganhar a vida como escritor quando sua mulher, Tabitha, decidiu resgatar, da lata do lixo, os originais de Carrie, A Estranha. Ela gostou tanto da história da adolescente que usou seus poderes paranormais para se vingar daqueles que a hostilizavam no colégio que encorajou o marido a seguir em frente. E ele seguiu. Hoje, aos 63 anos, Stephen Edwin King é o escritor de literatura de terror mais vendido de todos os tempos. Desde que Carrie chegou às livrarias, em abril de 1974, King já lançou quase 70 livros, entre contos, romances e ensaios. O mais recente deles, Ao Cair da Noite, uma coletânea de 13 contos de terror, acaba de ser lançado no Brasil.

Por aqui, King é cultuado por uma legião de admiradores famosos, como os também escritores André Vianco, Eduardo Spohr e Raphael Draccon. Spohr, por exemplo, admite a influência de King em sua obra. “Um bom livro é feito de forma e conteúdo. Você pode até ter uma boa história em mãos, mas, se não souber como contá-la, não vai seduzir o leitor. O King sabe conciliar as duas coisas como ninguém”, elogia Spohr.

Dos livros para as telas

Autor de A Batalha do Apocalipse, Eduardo Spohr tinha 8 anos quando assistiu, pela primeira vez, a um filme baseado na obra de King. Impressionado com a adaptação do cineasta Stanley Kubrick para O Iluminado, que conta a história do zelador de um hotel mal-assombrado nas montanhas do Colorado que enlouquece e tenta matar a família, Spohr resolveu comprar o livro que deu origem ao filme. Dali por diante, não parou mais. “Quando começo a ler um livro do Stephen King, não tenho a menor pressa em terminá-lo. A riqueza de detalhes chega a impressionar. Ele sabe como transpor o leitor para dentro da narrativa”, analisa Spohr, que elege O Cemitério e A Zona Morta, dois de seus romances favoritos do mestre do terror.

A exemplo de Carrie, A Estranha e O Iluminado, muitos dos romances de Stephen King já ganharam as telas de cinema. Alguns, como Louca Obsessão, de Rob Reiner, e À Espera de Um Milagre, de Frank Darabont, fizeram jus aos originais. Outros, como Christine – O Carro Assassino, de John Carpenter, e Chamas da Vingança, de Mark Lester, deixaram a desejar. Até hoje, Raphael Draccon não se esquece daquele que considera o mais aterrorizante de todos os filmes já baseados na obra de King: It – Uma Obra-prima do Medo, de Tommy Lee Wallace. “Para ter uma ideia, no livro Espíritos de Gelo, a minha dedicatória foi: ‘Para Stephen King e o palhaço Pennywise, por ensinarem a uma criança o que é o terror’. Precisa dizer mais?”, indaga o autor de Dragões de Éter.

Leitores famosos

Raphael Draccon é o primeiro a reconhecer que a construção da narrativa de Caçadores de Bruxa, o primeiro volume da série Dragões de Éter, é bastante inspirada na obra de King. “Nos livros dele, passamos a conviver com os personagens de uma determinada cidadezinha como se morássemos ali. Conhecemos seus costumes, sua rotina, seus problemas. Então, de repente, algo fora do normal acontece e gera um efeito dominó na coisa toda”, teoriza. Curiosamente, o primeiro livro de Stephen King que Draccon leu foi Os Olhos do Dragão, que classifica como “um conto de fadas adulto”. Desde então, resolveu ler a obra completa do autor, na ordem em que foram escritos. “É fácil se deixar conduzir por ele porque Stephen King faz o sobrenatural se tornar natural”, afirma.


Desde que lançou Carrie, Stephen King já escreveu cerca de 70 livros, entre romances e contos

Para Stephen King, tudo é pretexto para provocar medo no leitor. Tudo. Desde seres sobrenaturais, como zumbis, vampiros e lobisomens, até objetos inusitados, como automóveis, máquinas de lavar e cortadores de grama. Da nova geração de escritores brasileiros, nenhum outro parece ter se inspirado tanto em Stephen King quanto o paulista André Vianco. Autor de 12 livros, como Os Sete, O Senhor da Chuva e Bento, Vianco já pode ser considerado o mais bem-sucedido escritor brasileiro de terror. “A maior influência que King gerou na minha obra foi explorar o local onde eu vivo e transformar a minha cidade e cidades ao redor dela em cenários para as minhas criações, por mais malucas que elas possam ser”, observa o autor, nascido em São Paulo e criado em Osasco.

Vianco conheceu King através do conto Rita Hayworth e A Redenção de Shawshank, que integra a coletânea Quatro Estações e que, no cinema, ganhou o nome de Um Sonho de Liberdade pelas mãos do diretor Frank Darabont, o mesmo de À Espera de Um Milagre e O Nevoeiro. “É daquelas histórias magnéticas”, resume. Mas o livro favorito de Vianco é A Dança da Morte, que retrata a humanidade à beira do extermínio por causa de uma epidemia de gripe. “É um livro que vai apresentando aos poucos os muitos pontos de vista de uma mesma história”, descreve o autor, admitindo que utilizou esse recurso em alguns de seus livros, como Bento e Os Sete. “A Dança da Morte traz agonia e diversão na medida certa”, enaltece. Palavra de quem entende do assunto.

Dez curiosidades sobre Stephen King

1. Stephen King não é o único escritor da família. Sua mulher, Tabitha, é autora de sete livros. Um dos filhos do casal, Joseph Hillstrom King, também enveredou pela literatura. Sob o nome de Joe Hill, já escreveu três livros: A Estrada da Noite, Fantasmas do Século XX e O Pacto.

2. Se não fosse escritor de livros de terror, King provavelmente seria cantor ou guitarrista de rock. AC/DC, Ramones e Metallica, aliás, estão entre as suas bandas favoritas. Ele chegou a tocar guitarra num grupo, The Rock Bottom Remainders.

3. Em 19 de junho de 1999, King foi atropelado por uma van enquanto passeava nos arredores de sua casa no Maine. Teve o quadril fraturado, um dos pulmões perfurados e quatro costelas quebradas. Reza a lenda que King comprou o veículo só para destruí-lo a golpes de marreta.

4. Nos anos 70, King tornou-se dependente químico. Em seu livro de memórias, On Writing, o escritor confessa que só tomou coragem de se internar em um centro de reabilitação quando sua mulher, Tabitha, ameaçou separar-se dele.

5. Além de escrever livros, King já assinou alguns roteiros, como Sonâmbulos, de Mick Garris, dirigiu a adaptação de O Comboio do Terror e até ensaiou algumas participações especiais em O Cemitério Maldito, A Tempestade do Século e Rose Red – A Casa Adormecida.

6. Antes de ganhar a vida como escritor, King lecionou inglês na Hampden Academy de 1971 a 1973. Para pagar as contas do mês, trabalhou, também, como frentista em um posto de gasolina e em uma lavanderia industrial.

7. King publicou o seu primeiro conto, The Glass Door (A Porta de Vidro, em livre tradução) aos 18 anos. Por ele, ganhou US$ 35 da revista “Startling Mystery Stories”. Sete anos depois, embolsou US$ 2.500 pela tiragem inicial de 13 mil cópias de Carrie, A Estranha.

8. Todos os dias, King acorda às sete da manhã para escrever, no mínimo, seis páginas por dia. Metódico, gosta de trabalhar todos os dias do ano. Só abre exceção no dia do seu aniversário (21 de setembro), no dia da independência americana (4 de julho) e na véspera do Natal.

9. King é apaixonado por carros antigos. Não por acaso, dois de seus livros, Christine e From a Buick 8, são “protagonizados” por automóveis. Na garagem de sua mansão no Maine, ele guarda duas Mercedes, um Caddilac, um Chevrolet e uma Harley-Davidson.

10. Ao longo da carreira, escreveu alguns livros sob o pseudônimo de Richard Bachman. Na ocasião, o “Daily News” publicou uma matéria, revelando a verdadeira identidade do autor. Bem-humorado, King admitiu que seu alter-ego morreu de “câncer de pseudônimo”.

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