Resenha de “Boas Vidas”, por Willian Rabelo

Comentário de Douglas MCT sobre o conto “Boas Vidas”, escrito para a antologia “Território V”:

Um plot desenvolvido através do diálogo de forma sutil e fluída. O desfecho é previsível, mas a trama emociona.

Sabem, eu até poderia comentar por aqui a parte do desfecho previsível, mas não será preciso. Porque, afinal, Willian Rabelo já o fez de maneira exemplar.

Não tenho nada a acrescentar ao que o resenhista escreveu. E apenas posso prometer evoluir a cada dia, como homem e como escritor, buscando simplesmente merecer as mensagens que recebo diariamente.

Link original aqui.

Enjoy.

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Territorio V – Raphael Draccon

November 6, 2009 por Willian

Olá pessoal,

Já tem um tempo que não faço nenhuma avaliação de obra aqui, então queria citar Território V, organizado pelo Kizzy Ysatis.

Recebi, orgulhosamente, este exemplar de presente do grande escritor, e amigo, Israel Teles. Comentar o conto do meu amigo Israel não seria justo, mesmo porque eu conheci o conto em sua concepção e entendi o quão capcioso ele era, o quão profundo poderia chegar. Um conto singular e muito bom, e por mais que soe como propaganda, é a mais pura verdade; basta ler. Potencial grandioso.

Mas não é isso que pretendo comentar, tampouco falarei sobre a obra toda, apenas sobre um conto especificamente, me acompanhe…

Não gostei de todos os contos e, imagino, talvez existissem outros contos melhores para serem selecionados para a coletânea.

Entretanto, não desmereço a seleção de forma alguma; Entendo que a escolha feita pelo organizador deve ter sido bem difícil, além de trabalhosa.

Ainda assim, preciso ressaltar que, em sua grande maioria, os contos eram muito bons. Muito bem escolhidos, sem dúvida. Parabéns, mais uma vez, ao Kizzy pela coragem e pelo trabalho.

Desses muito bons, preciso destacar um.

O conto de Raphael Draccon.

Reli o conto umas quatro vezes, para ter certeza da forma que o conto havia me levado ao onírico. Minha opinião será sincera, então peguem os cajados, as pedras e vamos caçar um monstro…

Eu já havia feito a crítica de Dragões de Éter aqui, caso alguém se lembre.

Raphael Draccon é um autor interessante e, talvez por ser também roteirista, consegue enxergar as coisas de uma forma diferenciada. Qualidade rara.

É improvável que outro autor tivesse a pretensão ou audácia dele ao escrever um conto dessa forma.

Sim, ele foi pretensioso, MUITO pretensioso.

Mas não foi a pretensão tola, rebuscada, aquela que os ignorantes usam para esconder sua falta de aptidão para realizar uma tarefa. Não.

A pretensão dele foi aquela contida no sentido mais estrito que encontramos no dicionário; cito o Houaiss – “pretensão: desejo ambicioso e descabido; ambição” .

Ele foi ambicioso, descabidamente honesto em sua escrita e produziu um texto claro, direto e que não deixa dúvidas. Um conto fabuloso.

Uma história de amor, luta, traição, morte, arrependimento, desejo, repulsa, ódio e comprometimento, tudo em menos de 10 páginas. E o melhor, só através de diálogos.

Claro, sempre há os que dirão: “mas eu já imaginava o final na metade do conto” ou “foi previsível, não foi tão bom”. Preciso discordar. Não era o final que importava. Era o caminho todo.

Como na dança, os passos são apenas a parte técnica que te permite aproveitar a experiência em outro nível. Se você já sabia o final, estava tentando se antecipar ao autor, o que não é ruim, mas também não te permite aproveitar o texto completamente. É como comer um chocolate recheado, tentando chegar logo ao recheio. Não se aproveita totalmente o sabor do chocolate.

O conto foi tão previsível quanto o são as histórias de amor; não vejo problema nisso. Romeu e Julieta não deixou de ser o que é por ser “apenas” outra história de amor. Tristão e Isolda também não. Pense comigo…

O importante das histórias de amor não é como terminam os amantes ou “o que acontece no final”, mas como se entregam, como conseguem deixar dilacerar seus corações em sofrimentos desconhecidos em busca do sentimento que será sua panacéia.

Raphael Draccon foi fantástico.

Apenas em diálogos ele mostrou a angustia, o desespero, a crença, a ausência de crença e, por fim, a redenção através do amor. O amor que liberta, que libera, que se desapega. O mesmo amor de Romeu. Para os mais recentes, o mesmo amor de Bella e Edward.

O que importa, principalmente em textos curtos, é como o autor te tira para dançar, como ele te conduz na valsa das palavras e, neste sentido, Raphael Draccon foi audaz, competente e sagaz.

Pretensioso desde o início, mas absoluta e inegavelmente bem sucedido.

Parabéns autor, outro conto fantástico.

Comentários

uma resposta to “Resenha de “Boas Vidas”, por Willian Rabelo”

  1. Douglas MCT on novembro 19th, 2009 12:23 am

    Eu chamar de “desfecho previsível” não dá, exatamente, uma conotação negativa ao seu conto.

    Ele foi o primeiro que li, ainda quando o Kizzy nos enviou o PDF para avaliação pré-impressão.

    Gostei e dei minha mini-opinião, postada aí por ti. Numa crítica, ressaltamos os pontos positivos e negativos e foi o que fiz. De todo o conto, só o elemento previsível (independente de qualquer explicação) foi o que não apreciei muito.
    Todo o restante, sim. Porém “Um plot desenvolvido através do diálogo de forma sutil e fluída” e “mas a trama emociona”, elogios sinceros, foram ignorados.

    O que me deixou curioso, é o fato de ser usada uma resenha para contra-argumentar esse meu comentário. Ou assim me pareceu.

    Ainda sim, se a parte “negativa” de minha mini-opinião foi a que o fez refletir, ótimo!

    Nós autores, só temos a crescer mais e mais vendo nossos erros e acertos.

    Parabéns por “Corações de Neve”!
    Logo vou adquirir meu exemplar.

    Abs

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