Não Pare na Pista

poster nao pare pista

Semana passada fui convidado por Carol Kotscho, roteirista de “2 Filhos de Francisco” para assistir a uma sessão bem restrita de “Não Pare na Pista – A Melhor História de Paulo Coelho”, longa-metragem inspirado na vida de Paulo Coelho, produzido pela Dama Filmes.
Com roteiro da própria Carol e direção do estreante Daniel Augusto, minha primeira reação ao final do filme foi: “que filme bem-feito”. Ele soma-se ao caminho percorrido por filmes como “Chico Xavier”, “O Ano em que meus pais saíram de férias” e “O Palhaço”, na busca por histórias mais sensíveis que conversem com um público adulto.
O primeiro trabalho a se destacar é o dos atores. Não existe um único ator que não mereça estar ali. O trabalho de Lucci Ferreira interpretando Raul Seixas impressiona de maneira tamanha, que nos remete mais a uma incorporação do que um interpretação simplesmente.
Também é difícil falar do trabalho de Júlio Andrade – ator que interpreta as fases de Paulo mais velho – sem citar o trabalho de maquiagem. Com um maquiador com passagens na franquia “Harry Potter”, não por menos a caracterização assusta. Se contarmos principalmente com as cenas em que o personagem já está com os cabelos grisalhos, a semelhança é tamanha que é difícil não acreditar que não estamos vendo o próprio Paulo Coelho em um documentário.
Apesar de eu não ter reconhecido a pronúncia do voz do ator como semelhante a de Paulo, que tem uma entonação e maneira de falar muito próprias, os trejeitos são irreparáveis. É possível notar a entrega e estudo do ator.
Tudo, porém, teria se perdido sem uma direção adequada. Oriundo de documentários, Daniel Augusto faz uma estreia segura, com uma câmera calma, que me lembra o melhor do diretor Spike Jonze. O filme parece curto pela maneira como sensível e interessante como ele leva a história. As melhores cenas do filme para mim são as que nem mesmo possuem diálogos, substituídos por músicas de Paulo e Raul dentro ou fora da cena, que dizem mais do que os personagens poderiam e nos fazem ter outras interpretações das letras.
Sobre o roteiro, ao contrário de “2 Filhos de Francisco”, a história não segue uma narrativa linear e alternamos momentos diferentes da vida de Paulo na ideia de entendermos tudo o que o motivou a se tornar a figura pública que conhecemos hoje.
Como já li a obra e ouvi o audiobook da biografia de Fernando Morais sobre Paulo, muitas das cenas me eram facilmente reconhecíveis, inclusive detalhes que tiveram de ficar de fora do filme. Logo, para mim será interessante conhecer futuramente a visão do filme de pessoas que não fazem ideia da vida de Paulo Coelho ou do que ele passou para estar onde está hoje em dia. Provavelmente os entendimentos serão diferentes de algumas cenas.
Independentemente, mais do que uma história espetacular de um homem capaz de chegar no topo do seu sonho, uma das coisas mais interessantes do filme envolve conversar com a sociedade sobre a dificuldade de uma pessoa não apenas se decidir por seguir um caminho artístico, mas como, principalmente, se assumir um escritor. Durante vários momentos, o personagem de Paulo repete no filme: “eu vou ser escritor”. E é humilhado por isso. E se você hoje quer fazer o mesmo, ou mesmo se você hoje conseguiu fazer o mesmo, você sabe que isso não mudou tanto assim nos tempos atuais, mesmo com as mudanças do mercado editorial.
Além disso, o filme tem um valor de resgate histórico, principalmente nas cenas passadas durante a ditadura, relembrando a quem vivenciou, ou mesmo demonstrando a uma geração que não faz ideia do que isso significa, o que é viver um cenário próximo das distopias hoje consagradas, em que a censura expressões artísticas e políticas não envolvem haters em redes sociais, mas torturas em salas escuras.
Por isso, por tudo isso, e por ainda mais do que isso, espero que futuramente vocês também possam assistir ao filme e me contarem o que acharam. Assim como também espero que muitos possam se inspirar a alçar grandes voos, continuar a desafiar o impossível e jamais deixar de percorrer o velho círculo.

Semana passada fui convidado por Carol Kotscho, roteirista de “2 Filhos de Francisco”, para assistir a uma sessão bem restrita de “Não Pare na Pista – A Melhor História de Paulo Coelho”, longa-metragem inspirado na vida do mago, produzido pela Dama Filmes.

Com roteiro da própria Carol e direção do estreante Daniel Augusto, minha primeira reação ao final do filme foi: “que filme bem-feito”. Ele soma-se ao caminho percorrido por filmes como “Chico Xavier”, “O Ano em que meus pais saíram de férias” e “O Palhaço”, na busca por histórias mais sensíveis que conversem com um público adulto.

O primeiro trabalho a se destacar acredito que seja o dos atores. Não existe um único ator que não mereça estar ali. O trabalho de Lucci Ferreira interpretando Raul Seixas é magnífico, da maneira de falar à postura corporal inicialmente careta, e posteriormente hippie.

Também é difícil não falar do trabalho de Júlio Andrade – ator que interpreta as fases de Paulo mais velho – assim como não citar o trabalho de maquiagem. Com um maquiador com passagens na franquia “Harry Potter”, não por menos a caracterização assusta. Se contarmos principalmente com as cenas em que o personagem já está com os cabelos grisalhos, a semelhança é tamanha que é difícil não acreditar que não estamos vendo o próprio Paulo Coelho em um documentário.

Apesar de eu não ter reconhecido a pronúncia da voz do ator como semelhante a de Paulo, que tem uma entonação e maneira de falar muito próprias, os trejeitos são irreparáveis. É possível notar a entrega e estudo do ator.

Já sobre a direção, oriundo de documentários, Daniel Augusto faz uma estreia segura, com uma câmera calma, que me remete ao melhor do diretor Spike Jonze. O filme parece curto pela maneira como ele leva a narrativa, com uma segurança na direção de atores que impressiona para uma estreia. As melhores cenas do filme para mim são as que nem mesmo possuem diálogos, substituídos por músicas de Paulo e Raul dentro ou fora da cena, que dizem mais do que os personagens poderiam e nos fazem ter outras interpretações das letras.

Sobre o roteiro de Carol Kotscho, ao contrário de “2 Filhos de Francisco”, a história opta por  não seguir aqui uma narrativa linear, alternando momentos diferentes da vida de Paulo na ideia de entendermos tudo o que o motivou a se tornar a figura pública que conhecemos hoje. Como tanto já li a obra como ouvi o audiobook da biografia de Fernando Morais sobre ele, muitas das cenas me eram facilmente reconhecíveis, inclusive detalhes que tiveram de ficar de fora do filme. Logo, para mim será interessante conhecer futuramente a visão do filme de pessoas que não fazem ideia da vida de Paulo Coelho ou do que ele passou para estar onde está hoje em dia. Provavelmente os entendimentos serão diferentes de algumas cenas.

Independentemente, mais do que uma história espetacular de um homem capaz de chegar no topo do seu sonho, uma das coisas mais interessantes do filme envolve conversar com a sociedade sobre a dificuldade de uma pessoa não apenas se decidir por seguir um caminho artístico, mas, principalmente, se assumir perante ela como um escritor. Durante vários momentos, o personagem de Paulo repete no filme: “eu vou ser escritor”. E é humilhado por isso. E se você hoje quer fazer o mesmo, ou mesmo se você hoje conseguiu fazer o mesmo, você sabe que isso não mudou tanto assim nos tempos atuais, mesmo com as mudanças do mercado editorial.

Além disso, o filme tem um valor de resgate histórico, principalmente nas cenas passadas durante a ditadura, relembrando a quem vivenciou, ou mesmo demonstrando a uma geração que talvez não faça ideia real do que isso significa, o que é viver um cenário próximo das distopias hoje consagradas, em que a censura às expressões artísticas e políticas não envolviam haters em redes sociais, mas torturas em salas escuras.

Por isso, por tudo isso, e por ainda mais do que isso, espero que futuramente vocês também possam assistir ao filme e me contarem o que acharam. Assim como também espero que muitos possam se inspirar a continuar a desafiar o impossível e jamais deixar de percorrer o velho círculo.

Essa inspiração será sempre a maior magia da profissão de escritor.

Comentários

11 respostas to “Não Pare na Pista”

  1. João Henrique on julho 17th, 2014 7:31 pm

    Fiquei curioso pra ver agora

  2. Lucas C. on julho 18th, 2014 5:33 pm

    Draccon vê até sessão exclusiva. só nas rodas das celebrity huahuahuahauha

  3. Tibão on julho 19th, 2014 5:31 am

    Paulo Coelho é sempre polêmico. Mas pretndo ver…

  4. Maria Luiza on julho 19th, 2014 3:46 pm

    To doida para assistir. Li vários livros dele. Que legal que você curte Paulo Coelho.

  5. Fabiola on julho 19th, 2014 5:02 pm

    Muito bom, draccon. Isso deveria estar publicado no jornal

  6. Mari Silva on julho 19th, 2014 6:51 pm

    O maquiador do harry Potter em filme brassileiroooo naum creiooooo *-*

  7. Wilson Reis on julho 19th, 2014 7:03 pm

    Não sou fã dos livros do Paulo Coelho, mas respeito o cara. Depois dessa vou conferir

  8. Jackson Barboza on julho 19th, 2014 8:21 pm

    “Durante vários momentos, o personagem de Paulo repete no filme: “eu vou ser escritor”. E é humilhado por isso. E se você hoje quer fazer o mesmo, ou mesmo se você hoje conseguiu fazer o mesmo, você sabe que isso não mudou tanto assim nos tempos atuais, mesmo com as mudanças do mercado editorial.”

    Putz, tem nem o que fala. Só verdades… :/

  9. Tatiane on julho 20th, 2014 3:15 pm

    Quero assistir…Curto muito o PC.

  10. Wagner Cruz on julho 21st, 2014 9:59 am

    Fiquei deveras impressionado com o ator que faz o Raul. Caramba….chegou a dar arrepios, quando ouvi a voz do Lucci….

  11. Claudete Malavasi on julho 23rd, 2014 10:28 am

    Adoro as musicas do Raul e os livros do Paulo. Quem tem mais de 50 sabe muito bem o que a censura pode fazer com.seus sonhos e direitos de expressão. Aguardo o filme…

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