“Dragões de Éter” no Sem Tédio

Resenha de Carla Gomes para o Sem Tédio.

Link original aqui.

Enjoy.

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Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas, de Raphael Draccon

Dragoes Eter01 Dragões de Éter   Caçadores de Bruxas, de Raphael Draccon

Ser influenciável às vezes pode ser algo bom. Depois de ver alguns elogios de Eduardo Spohr, autor de A Batalha do Apocalipse, e de ir parar numa propaganda sobre o livro, acabei não resistindo e comprando a trilogia Dragões de Éter, escrita pelo brasileiro Raphael Draccon. E preciso dizer que, depois de ler o primeiro volume, Caçadores de Bruxas, me senti incrivelmente feliz por ter feito isso.

Contando com referências a inúmeros contos de fadas que fazem parte da infância de grande parte das pessoas, a obra conquista aos poucos, pela curiosidade em descobrir qual a ‘verdadeira’ versão por trás do que deveria ser uma história bonitinha. Ainda que possa não soar incrivelmente original brincar com essas fábulas, a narrativa consegue surpreender ao juntar e fazer citações inesperadas, de uma só vez. Seja através do filho do Capitão Gancho, de Ariadne, que detesta ser conhecida por sua capa vermelha, dos irmãos João e Maria, ou ainda com a estrela intitulada Cobain, que morre cedo demais.

É provável ainda que, por não conhecer Final Fantasy, citado pelo autor como uma de suas inspirações, eu tenha perdido mais algumas dessas suas ligações, contudo, isso de nada afeta a impressão de que é uma história muito bem desenhada.

Ambientada em um universo fantástico, a trama tem seu ponto forte no narrador, que mais parece um amigo tentando compartilhar algo que acompanhou. Dessa forma, enquanto vamos conhecendo os acontecimentos do reino de Primo Brandford, criamos uma curiosidade crescente em torno de quem será essa pessoa que parece saber cada detalhe do lugar. Mistério que provavelmente só deve ser esclarecido no último livro.

Ainda assim, depois de terminar a primeira parte, não existe nenhuma sensação de que estamos apenas em um terço do enredo. O que não cria uma falsa expectativa em torno do que ainda virá. Pelo contrário, ao finalizar o primeiro volume de maneira coerente, aumenta a confiança de que a trilogia vai se manter da mesma maneira, não precisando ser ancorada em falsos suspenses, mas sim em criatividade pura.

Aliás, criatividade é o que não falta em todo livro. Chega a ser impressionante o quanto a exploração de contos tão familiares conseguem prender tanto. Criando uma boa base para imaginar quem mais vai aparecer na continuidade da obra.

Apesar disso, confesso que não sei o que esperar de Dragões de Neve, próximo volume. Por já ter gostado do primeiro, me vejo ávida por saber quantas outras referências ainda vai conseguir fazer. Mas, de qualquer maneira, tenho a leve impressão de que vai valer a pena. Até porque, só de saber que existem autores brasileiros de tanta qualidade por aí, já me sinto incrivelmente empolgada.

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