X-Men Origens: Wolverine

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“X-Men Origens: Wolverine” é um filme de trailer.

Logo, se você está em dúvida entre assisti-lo ou não, e já assistiu ao trailer, sem problemas: você já assistiu às melhores partes.

http://dietrichthrall.files.wordpress.com/2009/04/gavin_hood.jpgQuando você pega um diretor ainda pouco (re)conhecido, como Gavin Hood no caso, e descobre que lhe entregaram nas mãos um blockbuster, isso significa que os produtores querem o controle total sobre o filme, e um diretor que não bata de frente com isso (ou alguém vai dizer a um “Spielberg” ou “Tarantino” o que ele tem de fazer no set?).

Os produtores dizem “sim” ou “não” a tudo, inclusive aos atores e aos cortes da edição final. O diretor se torna apenas “o cara que manda ligar as câmeras”, e se reclamar demais ele também é demitido, e trocado por outro que vá até lá… bom… “mandar ligar as câmeras de novo”.

Em “Wolverine” isso é claro. Sabe-se que os produtores não gostaram do filme entregue por Gavin Hood e exigiram que “as câmeras fossem ligadas” novamente para filmar cenas extras e “melhorar” o produto final.

O resultado é o de sempre quando falamos em filmes comandados por produtores: muito barulho, pouco sangue (afinal, tem de pegar a censura adolescente), um fiapo de roteiro e mais barulho.

Talvez se “Wolverine” fosse lançado na década de 90, ele passaria como mais um típico filme de heróis, dos quais só se esparava mesmo barulho e alguns diálogos até a próxima explosão.

Entretanto, depois do reinício da franquia de “Batman”, depois dos X-Men de Bryan Singer (ou seja, só até o segundo filme), e depois do início da franquia do “Homem de Ferro”, é difícil voltar a olhar para filmes de super-heróis construídos sobre histórias que beiram ao infantil.

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(olha a cara do Batman e do Coringa assistindo a “X-Men Origens: Wolverine”…)

Para começar, um filme que escala Ryan Reynolds (conhecido por comédias que agradam aos americanos) e o rapper Will.I.Am. já não está se levando a sério. Aliás, a impressão que se tem é que o rapper a qualquer momento vai começar a cantar: “se a bunda dela é grande, então é porque é grande igual a da mama!”.


(olha como os produtores de “Wolverine” levam a seleção de elenco a sério…)

Na verdade, já que era para seguir por esse caminho de não levar os coadjuvantes a sério,ao invés de um Deadpool tomando vitamina de mutante, seria muito mais cool se Hugh Jackman enfrentasse o X-Madruga!

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E parece que ninguém aprendeu nada com as lições de “Home-Aranha 4″ e “X-Men 3″: muitos personagens; pouca atenção.

Buscando formas de lucrar com outras franquias, diversos personagens vão aparecendo em passagens relâmpagos (como Deadpool, que, surpreendentemente, já recebeu o sinal verde para um filme próprio), Cíclope (cuja participação do ator substituto deve ter sido improvisada, porque nem ele mesmo sabe o que deveria fazer ali) ou Gambit (personagem querido pelos fãs – eu mesmo sempre o considerei meu X-Man preferido – mas neste filme em uma aparição completamente sem sentido para história contada).

(Tem sempre de espremer pra caber todo mundo nas fotos de “X-Men Origens: Wolverine”)

Aliás, o Gambit do filme só é o Gambit porque  o chamam assim. É um fato: o ator escolhido não é Gambit, nem tem a postura do personagem.

O Gambit de “Wolverine” não tem aquele jeito canalha característico, não fuma olhando de lado no estilo filme noir (é um filme adolescente…); não tem nem mesmo o sotaque francês (é mole?)! A única coisa que ele faz é virar um anime, fazendo seu bastão de “pirucóptero” (ô nome de brinquedo esquisito…).

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(a arma de Gambit em “X-Men Origens: Wolverine”)

Voltando ao roteiro, está o mesmo de sempre lá: frases infames, que parecem escritas por George Lucas, como: “nós somos irmãos. E irmãos cuidam um do outro”. O velho suspiro do aliado morrendo, que ainda tem tempo de dizer algo antes de empacotar, nem se fala.

E a direção de Gavin Hood, coitado, tem de ir no clichê do roteiro. Se um personagem morre, e, claro, Wolverine tem de ficar abraçado ao corpo gritando: “nãããão!”, tome a velha grua subindo e se afastando para mostrar “a dimensão da dor do personagem”. Se Wolverine está andando e escuta um barulho, nada de uma solução sutil: corre com a câmera para a orelha dele mesmo! Se ele sentir um cheiro diferente, dá um close no nariz dele mexendo!

É como um estagiário de terceiro período de faculdade dirigindo o primeiro curta.

Mas o mais irritante de um roteiro ruim também está lá:  achar que o público não raciocina sozinho. Logo, em um momento crucial, Wolverine descobre que o XXXX (certo, você já vai saber disso muitos antes de ser revelado, mas não vou dizer ainda assim) e o Striker estão trabalhando juntos. E então imediatamente está explicado porque outro personagem foi morto.

Mas não para os roteiristas! Wolverine tem de falar em voz alta: “aaaaah, é por isso que XXXX morreu! Para que… YYYYY”. Só faltava virar para a câmera e dizer: “entendeu?”.

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(Wolverine ficou assim depois que viu o que fizeram com sua origem no cinema)

Outra história que o roteiro remete, propositadamente ou não, é a de “Mortal Kombat”. Muitas mortes são idênticas aos fatalites (tem até a da coluna vertebral do Sub-Zero), e a motivação que optaram para a relação entre “Dente-de-Sabre” e “Wolverine” é a mesma da relação entre “Scorpion” e “Sub-zero”.

E ainda sinto tonteiras com a cena das balas desvidas pelas katanas.

Quando se pega um filme como “O Procurado”, que não se leva a sério desde o início, então se aceita de forma relaxada esse tipo de abordagem, e se diverte. O problema de “Wolverine” é que ele começa se levando a sério, e então descamba para momentos como esse, com atores que definitivamente estão ali apenas para ganhar o seu e a exposição que um filme desses gera.

A melhor dica: fique com o game. O roteiro é muito melhor (tanto que Hugh Jackman admitiu que quando viu o game, roubou várias falas para o roteiro do filme), e Wolverine está animal como deveria ser, cortando a tudo e a todos e sendo desenvolvido da maneira que merece. Afinal, ele não é um personagem para servir de escada para ninguém.

Logo, é um filme bom de se assistir no DVD, e mais: acompanhado.

Assim, o casal só precisa prestar atenção quando o filme começar a fazer barulho.

E aí sim, “X-Men Origens: Wolverine” vira um bom programa.

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