“Dragões de Éter” no Nós Geeks
Resenha do Gui Loureiro para o Nós Geeks.
Link original aqui.
Enjoy.
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[LIVROS] “DRAGÕES DE ÉTER” RECONTA AS FÁBULAS DE FORMA BRILHATE E SURPREENDENTE
“Se os sonhos são forjados do éter… hoje nós iremos tocar na quintessência” com essa frase, Raphael Draccon, resume o que sentimos ao terminarmos a leitura de cada livro que ele escreveu.
Em 21 de julho de 2007, um buraco na literatura se abriu, essa foi a data de lançamento de “Harry Potter e as Relíquias da Morte” livro que encerrou a série do bruxinho que revolucionou a literatura. Se não fosse por JK Rowling, não teríamos Crepúsculo, Percy Jackson e muitos outros. Ela tornou possível a literatura infanto-juvenil, também atingir os adultos e as massas. Porém, o fim da maior série infanto-juvenil de todos os tempos, abriu sim um buraco, quem iria substituí-lo? Será que veríamos novos livros de Rowling? Será que ela iria realmente abandonar a série?
Esse vazio, para mim, foi substituido com maestria por um autor brasileiro, carioca, nascido em 1981, seu nome… RAPHAEL DRACCON e a sua série: Dragões de Éter e é sobre ela que vou falar aqui.
Dragões de Éter é uma série composta até agora por três livros: “Caçadores de Bruxas”, “Corações de Neve” e “Círculos de Chuva” e se passa em um reino fictício, chamado Nova Éther!
A História Geral
Nova Éther é um mundo protegido por criaturas fantásticas, seres criados pelo Criador, chamados de avatares, que na verdades são as Fadas. Porém, cansadas das falhas dos seres humanos, algumas Fadas caem, uma em específico, Bruja, e assim ela e suas seguidoras, utilizando-se da Magia Negra, começam a se voltar contra as antigas raças.
Essa influência e esse temor sobre a humanidade só têm fim quando Primo Branford, o filho de um moleiro, reúne o que são hoje os heróis mais conhecidos do mundo e lidera a histórica e violenta Caçada de Bruxas.
Primo Branford é hoje o Rei de Arzallum, e por 20 anos saboreia, satisfeito, a Paz. Nos últimos anos, entretanto, coisas estranhas começam a acontecer…
Uma menina vê a própria avó ser devorada por um lobo marcado com magia negra. Dois irmãos comem estilhaços de vidro como se fossem passas silvestres e bebem água barrenta como se fosse suco, envolvidos pela magia escura de uma antiga bruxa canibal. O navio do mercenário mais sanguinário do mundo, o mesmo que acreditavam já estar morto e esquecido, retorna dos mares com um obscuro e ainda pior sucessor. E duas sociedades criminosas entram em guerra, dando início a uma intriga que irá mexer em profundos e tristes mistérios da família real.
E tudo isso… mudará o mundo.
A Sinergia entre Nova Éther e os contos de fadas
Dragões de Éther não é simplesmente um universo novo de fantasia, Raphael Draccon, utiliza do storytelling para trazer os contos de fada para uma nova realidade. A menina que viu a avó ser morta por um lobo, tem o sangue de sua avó espirrado em seu capuz branco, deixando-o vermelho e ela fica conhecida de um forma pejorativa, como Chapeuzinho Vermelho. Os dois irmãos que foram pegos pela bruxa canibal, estavam em uma casa de doces, mas esses doces eram na verdade magia de ilusão e o que eles comeram pensando ser pão de ló e chocolate, fora vidro e metal, o nome dos irmãos… João e Maria.
A principio pode parecer babaca, mas na verdade os contos de fadas, são apenas o background desses personagens, a história inicial deles, o decorrer do livro, traz uma nova aventura para todos eles, algo como “E o que diabos aconteceu com Chapeuzinho e com João e Maria? Eles viveram realmente felizes para sempre?”
Mas a arte de Draccon, está em criar personagens novos ou então dar características a eles, onde a história dos irmãos Grimm é um mero denominador para os seus nomes. Jamil, o Coração de Crocodilo, é um dos personagens mais ricos que vemos no decorrer do primeiro livro e ele é o filho bastardo de nada mais nada menos, Gancho!
Já os Sete Anões, são introduzidos de uma forma muitíssimo interessante e jamais vista em outro lugar. Cada um representa um dos sete pecados capitais, mas também representam a virtude contrária, dessa forma, Mestre Ira (todos os anões são Mestres Anões, algo muito poderoso) é na verdade o Zangado, representando o pecado Ira, mas também representando a virtude Paciência.
Dessa forma é fácil fácil se apaixonar por cada um dos personagens.
A Narrativa
Quando começamos a ler Dragões de Éter nos deparamos com uma história sendo narrada de forma totalmente diferente. Como temos diversos protagonistas e não apenas um e esses protagonistas muitas vezes nem se conhecem, os capítulos são meio que divididos pelo que está acontecendo com os personagens, existe um narrador principal que conversa com o leitor (e que na verdade é o próprio leitor) e que utiliza do seu poder de “onipresença” e “onisciência” para estar nos momentos mais importantes do universo e dos personagens principais, esse narrador não é nada imparcial, ele além de ser muito crítico, tem os seus personagens favoritos e torce por eles. Além disso, tudo que acontece é em tempo real, então se em um capítulo foi narrado algo que estava acontecendo com João, no outro capítulo será narrado algo sobre Jamil e por aí vai. Para sabermos o andamento da história de todos os pontos de vista.
Os Livros
Como falado lá em cima, são três livros:
- Caçadores de Bruxas: No primeiro livro da série temos a introdução da grande maioria dos personagens, mas o mais importante é relatar o plot principal… as bruxas estão voltando! Depois da guerra contra a magia negra, onde Bruja foi derrotada e todas as bruxas negras foram queimadas ou enforcadas, Arzallum (reino onde se passa a história), passou anos e anos sem qualquer incidente de magia negra, mas, alguns incidentes isolados, como de Arianne Narin (a Chapeuzinho Vermelho) e dos irmãos Hanson (João e Maria), levantam a curiosidade de algumas pessoas e um grande ataque a cidade de Arzallum é orquestrado por Jamil, Coração de Crocodilo em conjunto com uma bruxa muito má.
- Corações de Neve: Corações de Neve é o mais bonito dos três livros, ele é emocionante cativante e sem brincadeira, eu chorei duas vezes lendo ele. Neste livro, ele mostra a história da política de Nova Éther, reinos contra reinos, raças contra raças. Após duas décadas preso e prestes a completar 40 anos, um ex-prisioneiro reconhecido mundialmente pelas ideias de rebeldia e divisão justa dos bens roubados de ricos entre pobres é libertado (qualquer semelhança com um certo Robin Hood é mera coincidência), desenterrando velhas feridas, ressentimentos entre monarcas e canções de guerra perigosas. O último príncipe de Arzallum resgata sombrios segredos familiares e enfrenta o torneio de pugilismo mais famoso do mundo, despertando na jornada poderosas forças malignas e benignas além de seu controle e compreensão. E a tecnologia do Oriente chega de maneira devastadora a Arzallum, dando início a um processo que irá unir magia e ciência, modificando todo o conhecimento científico que o Ocidente imaginava possuir.
- Círculos de Chuva: O livro mais recente é também um daqueles livros que te engana, o começo é muito estranho, demorado, enquanto os outros você tinha ação do início ao fim, essa ação em Círculos de Chuva demora a acontecer, mas quando vem é… UAU! Ah! Também chorei nesse aqui, algumas cenas realmente emocionantes. Neste livro, João e Maria Hanson, sobreviventes a uma ligação com antigos laços de magia negra descobrem que laços dessa natureza não se rompem tão facilmente e cobram partes da alma como preço. Uma sociedade secreta renascida com um exército de órfãos resolve seguir em frente em um plano com tudo para dar errado em busca do maior tesouro já enterrado, sem saber o quanto isso pode mudar a humanidade. O último príncipe de Arzallum viaja para um casamento forçado em uma terra que ele nem mesmo sabe se é possível existir, disposto a realizar um feito que ele não sabe se é possível realizar. Uma adolescente desperta em iniciações espirituais descobre-se uma mediadora com forças além do imaginário. E um menino de cinco anos escala uma maldita árvore que o leva aos Reinos Superiores, o reino dos gigantes (detalhe, o moleque é o João, do Pé de Feijão), ferindo tratados políticos, e dando início à Primeira Guerra Mundial de Nova Ether.
Conclusão
Dragões de Éter me fez sentir a mesma emoção quando Dumbledore morre, ou quando tentamos escutar a canção da Fawkes. Quando descobrimos que Harry não poderá ficar com Sirius e como o mundo dos bruxos é injusto. Enfim, Raphael Draccon conseguiu me emocionar da mesma forma que Harry Potter me emocionava, é óbvio que a obra de JK Rowling é mais incrível e nos gera aquela expectativa “quando sairá o próximo”. Mas temos que dar palmas a Draccon, por ser um exímio contador de histórias. Parabéns!
Comentários
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