“Dragões de Éter” no Bibliomaníacos

Resenha do Gabril Almeida Prado para o Bibliomaníacos.

Link original aqui.

Enjoy.

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Dragões de Éter – Fantasiosamente perfeito…

Dragões de Éter é uma obra belíssima. Aliás, duas. Por enquanto. A série até agora tem dois livros, “Caçadores de Bruxas” e sua sequência, “Corações de Neve” e tem mais um livro prometido para depois da Copa do Mundo, “Círculos de Chuva”. Os livros não têm uma trama principal, nem uma personagem que se destaque, apenas diversas histórias que se intercalam em pequenos capítulos, mas que tomam rumo a uma ligação que envolve todos.

Os livros trazem de volta muitos contos de fadas de uma maneira maravilhosa e sutil na quantidade certa. Raphael Draccon não exagera para apresentar logo quem é a personagem ali presente e em outra mão não deixa as referências despercebidas, elas podendo vir tanto de contos de fadas quanto de outros tipos de literatura e também do cinema e da televisão, algumas vezes nacionais. Relembra-nos dos mais diversos sonhos infantis, escondidos com a maturidade, mas prontos para serem encontrados. O próprio título sugere a fantasia como teor importante, como explica o autor:

“‘Dragões’ são o símbolo máximo da fantasia. ‘Éter’ é a quintessência; é o material que existe no universo; é o elemento que nos liga ao sonho.

Logo, o nome é uma metáfora que simboliza ‘uma fantasia em que você vai poder chegar através dos seus sonhos’.

‘Dragões de Éter’.”

O narrador, apesar de em terceira-pessoa, é um elemento importante, por ás vezes abusar de seu poder no tempo-espaço e interferir na história com comentários inteligentes. Ele nos põe como Semi-Deuses, avatares do Criador, que no caso é ele basicamente, que fazem o mundo de Nova Ether “funcionar” e continuar em movimento. Tais avatares são conhecidos como fadas, porém alguns, irritados com a estupidez humana se rebelaram contra o Criador e passaram a ser conhecidos como Bruxas, em homenagem a primeira fada caída, Bruja. Estas, por sua vez, ensinam á humanas à arte de mover e transformar o éter, começando uma grande caçada para destruí-las, pois todas usam os ensinamentos para o mal. Pelo menos isso é o que pensavam…

Mas entre todas as ótimas características dos livros, a mais notória é com certeza, a realidade que o livro transmite. Não existe uma personagem que não tenha conflitos nem traumas, que não tenha defeitos ou não cometa deslizes, a sensação de fantasia livre não existe, os diálogos são muito bem construídos, falando o que realmente alguém falaria, as descrições retratando as coisas como realmente são, sem aquela coisa do vilão burro que espera para matar, do Rei bonzinho que ajuda á todos, ou do herói sem medo, entre tantos outros exemplos absurdos presentes tanto na literatura quanto no cinema.

Draccon pega a Idade Média tradicional a qual estamos acostumados e joga em tramas e conflitos mais recentes, mas sem perder o fio a que enrosca toda a magia e mistério. É como pegar o irreal e transformá-lo em algo tão perto de nós, que faz com que o livro fique perto de nossas vidas e corações. A nota acima pode parecer um pouco exagerada e nada analisada, como a de um crítico bobo ao ver um filme de ação pela primeira vez e ficar fascinado, mas é a nota digna de uma série que ultrapassa níveis sentimentais, uma série fantasiosamente perfeita…

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