Quanto vale uma mensagem?

O momento mais mágico para um escritor é o contato com seu público-alvo.

É o momento em que ele descobre que o mundo nascido realmente pulsa, e pulsa o bastante para lembrar-lhe o quanto ele é pequeno, ao menos diante da dimensão de linhas de éter que tocam a imaginação de diversos seres humanos sonhando em uma mesma direção.

Existem mensagens e mensagens. Algumas são mais emotivas, algumas mais críticas, algumas são empolgadas; outras desejam força e sucesso. Todas; todas valiosíssimas.

Até mesmo uma pessoa que escreva uma mensagem reclamando de um livro para um escritor, dedicou tempo e esforço (e as vezes coragem) da parte dela para aquela situação, e apenas isso já demonstra que de alguma forma aquele escritor mexeu com ela. [o quanto?].

O suficiente para ela se importar com ele.

Mensagens como a do leitor e estudante de biologia, Augusto Soares, se enquadram no caso.

Augusto havia me escrito meses atrás para contar que havia descoberto o livro, e estava ansioso para ler.

Quando começou a obra, escreveu novamente registrando suas impressões pelo início, e prometendo que faria um texto mais detalhado de suas impressões ao final.

Admito que realmente esperei por esse texto. É um fato: como citado, escritores amam todas as mensagens de seus leitores. Entretanto, existem determinadas mensagens em que notamos que existe uma profundidade ou uma maturidade literária por detrás daquela pessoa que nos escreve, que nos faz ficarmos realmente curiosos sobre suas opiniões finais.

A forma delas se expressarem, o português, as referências e argumentos que usam para defender seus pontos de vista; não há exatamente uma lógica, existem mensagens que realmente são diferentes.

E isso independe da idade; tenho uma leitora de 12 anos apenas, Bruna “Brubis” Passanezi, devoradora de livros, que se expressa melhor do que alguns comentaristas esportivos de tv, e com um português de deixar alguns antigos colegas meus de faculdade envergonhados.

Augusto “Guto” Soares é um leitor desse tipo. E então quando ele me mandou sua opinião final, ela foi bem valiosa.

Posto-a aqui em homenagem a meus leitores, e suas palavras inspiradoras.

Obrigado por nunca. Nunca acordarem.

***

Raphael,

Como já não lhe é novidade, pois fiz questão de manter-lhe informado, desde que comecei a leitura do seu livro, Dragões de Éter, fiquei embasbacado. A princípio pela simplicidade da leitura, a forma relaxante e agradável com que o tema era abordado. Ousei fazer uma comparação que considero extremamente honrosa ao citar O Hobbit, do mestre Tolkien. Não me arrependo, muito pelo contrário: ainda vou me valer dela durante este texto.

Você conduziu a história e deu vida aos personagens com maestria. Assumo que no começo fiquei meio estressado com as freqüentes interrupções de “eu sou o contador e posso afirmar isso; afinal, eu estou criando isso”, mas não me leve a mal, foi apenas por ânsia de continuar a leitura e dar continuidade aos acontecimentos que me saltavam aos olhos e mexiam com minhas emoções, me levando de volta à infância inúmeras vezes. Que sensações agradáveis você despertou, Raphael!

O amadurecimento dos personagens com o desenrolar da trama foi lindo. Tudo justificado, sem lero-lero ou embromação. Tudo fez sentido, inclusive fazendo o leitor se questionar se faria diferente. E muitas vezes a resposta era não. Sua análise do comportamento humano foi muito boa. Como “contador” amador, sei como é difícil atingir uma profundidade psicológica nos personagens, sempre sendo necessário citar os como’s e por que’s, mas sem se tornar repetitivo. Mais uma vez, parabéns. Você o fez muito bem.

Outro ponto que merece destaque são os personagens em si. A variedade de personalidades e habilidades me fez lembrar dos tempos em que passava horas ao redor de uma mesa, jogando dados e interpretando personagens. Você joga RPG, não joga? Me arrepio só de pensar em uma sessão conduzida por você. Enfim, não quero desvirtuar o texto, deixemos essa confabulação para outra oportunidade!

A idéia de pegar personagens pré-existentes e moldar às necessidades da trama foi genial, nunca vi nada parecido antes. Revelo minha preferência pelo Mestre Anão Ira; a adaptação foi sensacional! Taí um personagem e tanto, e creio ser apenas um entre sete de capacidade semelhante. Talvez contos sobre as aventuras dos lendários Mestres Anões surjam, não seria uma má idéia, não é mesmo?

Muitos (se não todos) personagens têm potencial para muitas outras histórias, e tenho certeza que você já pensou nisso. Afinal, só depende de você mantê-los vivos, e você me pareceu disposto a isso. Não sem razão. Mas agora chego onde mais quero chegar: Nova Ether.

Assim como Tolkien, você criou um mundo. Um mundo com vida própria, suas próprias lendas e crenças, dividido e governado de forma única. Cara… não tenho palavras. É mágico, e você sabe disso muito mais que qualquer um que tenha se aventurado por aquelas páginas amareladas, exalando… éter. Seria um tremendo desperdício parar por aí. Cada história a qual você nos introduziu, cada lugar citado, cada conflito e cada povo não só merecem, mas DEVEM ser explorados. Milhares de histórias podem ser criadas nesse cenário que você desenvolveu!

Pense se Tolkien tivesse restringido a Terra-Média aO Hobbit? Praticamente um crime! Essa foi sua primeira obra, e certamente abriu centenas de portas. Quem sabe o seu O Senhor dos Anéis não vem por aí? Talvez um Silmarillion, com lendas de Nova Ether? As possibilidades são infinitas! Aproveite-as, eu lhe imploro. Nós, leitores, precisamos que você continue exercendo seu papel de Criador-contador. A coisa é simplesmente muito grandiosa para ser engavetada.

Idéias saltam à minha mente o tempo todo. Sinto-me até meio envergonhado de propor isso a alguém tão talentoso quanto você, mas posso te passar algumas. Talvez você goste e aprimore! Enfim, humildemente ofereço minha ajuda e meu apoio. Tudo para que a coisa não pare por aí. Não que esteja ruim, enfatizo que você tem uma obra prima. Mas a coisa pode se tornar épica. Veja em mim um fã disposto a manter esse universo vivo!

Bom, posso passar horas e horas aqui, escrevendo sobre cada parte do livro, cada lugar e personagem, mas não acho que seria interessante. Vou resumir minha opinião, antes que você desista de ler tudo e vá comer uma rosquinha com café.

A obra está ótima, do começo ao fim. A mudança no ritmo da narrativa, conduzida pelos acontecimentos do livro, se deu com sucesso. O final foi muito bom, embora ‘pouco explorado’, tendo em vista a profundidade da coisa. E não vou retomar esse assunto, acho que já deixei bem claro o que penso sobre o potencial dessa obra, e como autor deste texto, posso lhe garantir isso (hehehe).

Congratulações de coração, Raphael. Você fez um excelente trabalho, digno de todos os elogios. Conseguiu cativar um leitor chato e exigente, que não pouparia palavras para apontar erros grosseiros, assim como não poupou para elogiar seu trabalho.

Conte comigo e com todos os fãs.

E, pelo amor do Criador, não pare de sonhar.

Augusto Soares, seu mais novo fã.

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